No GSI, segurança ordena que imprensa não fotografe Bolsonaro
Jornalistas que foram cobrir uma visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a um órgão do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), em Brasília, foram impedidos de segurar os próprios celulares e registrar o momento em que ele entrou no prédio, na tarde desta quinta-feira (3).
Bolsonaro chegou à Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI por volta das 15h10, acompanhado do ministro da pasta, general Augusto Heleno. Mais de de meia hora antes, fotógrafos e cinegrafistas foram posicionados em um “cercadinho” ao lado da porta de entrada do prédio, e repórteres, levados ao mezanino, de onde podiam observar de cima o presidente.
No local, seguranças subordinados ao GSI determinaram que os jornalistas não fizessem nenhuma foto ou vídeo do presidente. Inicialmente, alegaram motivos de segurança. Quando a reportagem do UOL insistiu no questionamento sobre a medida, foi informada por um deles que o problema era “o ângulo”. Em seguida, disse se tratar de “uma ordem do major”, negando-se a informar o nome do oficial.
Na hora da chegada de Bolsonaro ao prédio, todos os jornalistas que estavam no mezanino foram orientados a ficar “com as mãos livres, sem copos, sem celular”.
Uma repórter que bebia água em um copo plástico foi repreendida por um agente.
Os membros da imprensa que participam da cobertura da Presidência da República tem que se submeter a um credenciamento da Secom (Secretaria de Comunicação) do Palácio do Planalto.
Durante a visita, que constava na agenda oficial do presidente, ele não falou com os repórteres. O general Augusto Heleno deve conceder entrevista coletiva em instantes.
As restrições ao trabalho dos jornalistas motivaram críticas ao longo do dia da posse de Bolsonaro, na terça-feira (1º).
Ao contrário do que ocorreu em outras posses, o acesso dos jornalistas aos locais por onde o presidente passou foi terceirizado –todos os profissionais tiveram que ir primeiro ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde entraram em ônibus que os levaram aos locais onde ocorrem os eventos.
O cerimonial orientou que os jornalistas trouxessem comida acondicionada em sacos plásticos transparentes, já que dentro do Congresso as lanchonetes e restaurantes não funcionaram, e, do lado de fora, a presença de vendedores ambulantes foi proibida. Havia pouca água e banheiros disponíveis para a imprensa tanto dentro quanto fora do Congresso.
Alguns profissionais tiveram itens de alimentação barrados. No CCBB, um repórter foi impedido prosseguir com uma maçã que levava na mochila –os seguranças justificaram que só poderia seguir com a fruta se ela estivesse fatiada. Um outro profissional teve um garfo confiscado.
As restrições motivaram críticas de entidades como a ABI (Associação Brasileira e Imprensa) e Abraji.
Do UOL