Vélez quer combater “doutrinação” mas não tem nenhum dado para tal

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Embora tenha como principal bandeira, conforme destacado no primeiro discurso oficial, o combate a uma suposta “doutrinação” nas escolas, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, desconhece quantos professores, entre os mais de 2 milhões que lecionam na educação básica, adotam essa prática. Ele disse que é difícil ter esse “dado”, ao ser questionado pela imprensa ao final da cerimônia de transmissão de cargo, quando limitou os jornalistas a cinco perguntas.

Ao admitir não ter estimativa nem mencionar as ações que pretende adotar para resolver a questão, Vélez afirmou que a prova da existência de doutrinação nas salas de aula está no baixo desempenho dos alunos brasileiros em exames internacionais. Em seguida, afirmou que é preciso reverter a “falta de autoestima” dos professores:

— Uma coisa que considero endêmica no Brasil é a falta de autoestima dos professores.

Inicialmente, Vélez disse que a extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) da estrutura do Ministério da Educação (MEC) foi feita para dar mais abrangência a “alfabetização” e a “modalidades especializadas”, nomes de duas secretarias criadas por ele, e que “não excluem ninguém”. Ele tentou minimizar questionamentos sobre a falta da palavra “diversidade”. Mas mudou o tom ao ser perguntado novamente sobre o propósito da medida, tendo em vista que o próprio presidente Jair Bolsonaro elogiou o “desmonte” do departamento nas redes sociais.

— Desmonte significa acabar com algo que estava muito limitado e manipulado ideologicamente por algo que não visa a ideologia_afirmou, encerrando as perguntas.

Antes disso, assessores do ministro haviam minimizado a medida, afirmando que não se trata de deixar a “diversidade” de lado, mas sim de reforçar as políticas executadas pela Secadi nas duas novas secretarias. Vélez não tinha intenção de falar com a imprensa até Bolsonaro postar a mensagem sobre a extinção do departamento.

Do O Globo