Em ato por Lula Livre, Haddad denuncia falta de provas em nova condenação
Em ato pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, em São Paulo, o ex-prefeito e ex-candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando , enumerou uma série de fatos para ilustrar a parcialidade da Justiça Federal, que ontem (6) voltou a condenar Lula, desta vez no caso do sítio em Atibaia, a 12 anos e 11 meses de prisão, pela juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na Operação Lava Jato. .
“Estou falando como um cidadão preocupado com os destino do país, que não quer ver o desrespeito à imparcialidade da Justiça”, disse Haddad. Ele lembrou, em primeiro lugar, que Lula foi impedido de assumir o cargo de ministro da Casa Civil (pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em 2016). “Queremos justiça, que toda decisão de um juiz seja baseada em provas, não em convicções.”
Haddad também mencionou que o ex-presidente teve sigilos quebrados sem autorização judicial, foi conduzido coercitivamente a prestar depoimento “sem ter resistido a um único chamado da Justiça” (em março de 2016) e, por último, foi impedido de enterrar o seu irmão, Vavá, que morreu na semana passada. “Num ano em que mais de 170 mil presos foram autorizados a enterrar os seus parentes. Por que existe direito para todo mundo e um Direito só para o Lula?”
Se o petista, preso em Curitiba desde 7 de abril do ano passado, está impedido de dar entrevista até por escrito, “alguma coisa está muito errada”, disse Haddad. “O Lula é investigado há 40 anos. Se a justiça tivesse trazido a público uma conta em dólar no exterior, uma mala de dinheiro, ou um ato dele, do presidente da República, se demonstrasse cabalmente que ele contrariou claramente o interesse nacional em proveito de alguém, ninguém estaria aqui hoje”, acrescentou.
“Seríamos solidários, mas não estaríamos pedindo uma revisão dessa decisão. Se cometeu um erro, paga, de acordo com a lei, mas nos limites da lei. Não existe prisão perpétua no Brasil, por exemplo. Não vemos no processo um ato dele que contrariasse o interesse nacional ou público.”
O ex-prefeito paulistano afirmou que os advogados do ex-presidente vão recorrer nacional e internacionalmente “a todos os fóruns abertos a nossa provocação, porque estamos pedindo justiça, não estamos pedindo injustiça”.
Participaram do ato em São Paulo inúmeras lideranças petistas e de movimentos sociais, como o ex-senador e atual vereador Eduardo Suplicy, o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho, presidente estadual do PT, o coordenador da Frente Brasil Popular Raimundo Bonfim e o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), entre outros.
Em Curitiba
Na capital paranaense, os senadores Humberto Costa (PE) e Jaques Wagner (BA) falaram à imprensa, após visita a Lula. “Ao fim e ao cabo, as pessoas querem destruir o legado do PT. Política é isso mesmo, são ondas. Estamos vivendo uma onda conservadora aqui e no mundo”, disse Wagner. “Estou falando de onda conservadora do ponto de vista de valores. É só olhar o ministério do atual presidente.”
Para ele, essa onda, que também “está pouco se importando com a pobreza”, vai pouco a pouco se dissipar. “Isso vai acabar aparecendo na cabeça do povo. Já deve ter muita gente desiludida. E a cada mês que passa vai aumentar.”
Perguntado sobre o tema, Wagner disse que não pode prever o que o Supremo Tribunal Federal poderá decidir em 10 de abril, quando deve julgar as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, sobre prisão após condenação em segunda instância. Caso o tribunal reverta a atual jurisprudência e entenda que o condenado só pode ser preso após decisão dos tribunais superiores, Lula seria solto.
O senador baiano se declarou contra as transmissões de julgamentos do STF pela TV. “Pessoalmente não acho que seja transparência. É um desserviço. Se os juízes, principalmente ministros do STF, vão julgar de acordo com o que a população vai achar, está tudo de cabeça para baixo”, disse. “Não conheço nenhuma democracia no mundo, importante, onde o supremo esteja nesse grau de exposição que o nosso está.”
Apesar de tudo, segundo o senador Humberto Costa, Lula “está muito bem disposto”. “Pela segunda vez foi condenado num processo cheio de fragilidades, onde a própria pessoa que julga diz que as razões definitivas para que ele fosse condenado são um tanto indeterminadas.”
O senador por Pernambuco afirmou que Lula “tem convicção de que mais cedo ou mais tarde a justiça deve se fazer”. “Esperamos que nos tribunais superiores a justiça possa ser feita”, concluiu.