Entrevista de Lula: foi Moro quem tentou sabotar

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O superintendente da PF no Paraná, delegado Luciano Flores Lima, tentou sabotar a entrevista de Lula aos jornais Folha de SP e El País, recém-autorizada pelo STF.  Lima quis abrir a entrevista a veículos de direita para os quais Lula não concordou em dar entrevista. Esse delegado fez isso a mando de Moro, mas ele e o chefe se deram mal.

A denúncia foi feita no começo da tarde de quinta-feira, 25 de abril, pelo site do ex-presidente Lula.

Ao organizar o encontro com Lula, o superintendente da PF no Paraná, Luciano Flores Lima, havia decidido autorizar a presença na entrevista de jornalistas de outros veículos, citando a necessidade de respeitar “direitos constitucionais relativos ao livre exercício da profissão e liberdade de imprensa”.

A defesa de  Lula alegou que dar “publicidade de atos administrativos que não estiverem sob necessidade desrespeitaria os dois veículos que permaneceram por sete meses sem conseguir fazer a entrevista por causa de uma liminar expedida por outro ministro do STF, Luiz Fux.

A defesa do ex-presidente Lula, então, recorreu ao Supremo Tribunal Federal com um pedido de liminar alegando que Lula tem o direito de dar entrevista EXCLUSIVAMENTE para quem quiser e, não, para quem o chefe da PF paranaense quiser, pois órgãos de imprensa de extrema-direita como o Anta-gonista iriam se beneficiar arrancando de Lula entrevista que ele jamais daria

Por sorte de Lula e da democracia, a jogada do superintendente da Polícia Federal do Paraná não deu certo; o ministro do STF Ricardo Lewandowski acabou com a festa ao determinar que só os jornais autores do pedido de liminar feito durante a campanha eleitoral do ano passado para entrevistar Lula teriam direito de participar da entrevista.

Mas qual é a desse delegado Flores de Lima? Por que tomou atitude tão absurda de querer estender a veículos que atacam Lula uma entrevista que ele jamais daria a tais veículos?

Não é preciso pensar muito para supor o autor dessa molecagem. Quem manda na Polícia Federal? É óbvio: após o presidente da República, o chefe da Polícia Federal é o ministro da Justiça, Sergio Moro. Mas não é só isso.

O delegado Luciano Flores de Lima foi recrutado por Moro com uma missão bem específica.

Moro nomeou delegados da Polícia Federal com os quais já trabalhou, como Luciano Flores de Lima. Ele foi superintendente da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, é delegado da PF desde 2002 e entre 2014 a 2016 atuou na Lava Jato. No último ano (2017), exerceu o cargo de delegado regional executivo da Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo.

Fica cada vez mais claro o uso do Poder de Estado para perseguição política. Moro tentou calar Lula mandando a juíza Carolina Lebbos, executora da pena do ex-presidente, negar permissão para que ele falasse à imprensa. Como não conseguiu, após o STF autorizar a entrevista, Moro tentou atrapalhar a divulgação da entrevista tirando a exclusividade de quem conseguiu.

Se o Brasil fosse um país sério com um Poder Judiciário sério, esse delegado e seu chefe deveriam ser responsabilizados por usarem seus cargos para fazer política partidária em favor de políticos como Sergio Moro e Jair Bolsonaro… Ou alguém não sabe que Moro, ao aceitar ocupar cargo político, tornou-se um político como qualquer outro?

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