Bolsonaro rifa Moro, mas ninguém quer
Bolsonaro quer indicar Moro ao STF para se livrar dele por ter popularidade maior que a sua e planos de se candidatar a presidente em 2022. Mas a promessa de Bolsonaro a Moro existiu. Se condenasse Lula sem provas, seria indicado. Moro cumpriu o acordo, mas, agora, não quer mais o STF. Sonha com a cadeira de Bolsonaro. Não terá nem uma coisa, nem outra.
A fala do ministro do STF Marco Aurélio Mello relativa à promessa que Bolsonaro confessou que fez a Moro caso fosse eleito – de indicá-lo para o STF – deixa ver não apenas a opinião desse ministro, mas de grande parte do conjunto do Supremo.
Diz Marco Aurélio:
“Soa muito mal para o ministro da Justiça, por sugerir que houve uma troca e que ele virou as costas ao cargo que ocupa atualmente”
Realmente a confissão de Bolsonaro soa muito mal. E não é só por isso. Além de mostrar que Moro usa o Ministério da Justiça como trampolim, também mostra que o ex-juiz condenou Lula para fazer jus à recompensa oferecida pelo então candidato a presidente.
E Moro atuou duas vezes para ajudar Bolsonaro a se eleger. Na primeira, prendeu Lula; na segunda, divulgou acusações do ex-petista Antônio Palloci contra Lula e o PT em plena campanha eleitoral do ano passado (acusações que haviam sido rejeitadas pelo Ministério Público) para prejudicar Fernando Haddad.
Bolsonaro comete um desatino ao indicar Moro para o STF antes mesmo de terminar o mandato do atual governo porque isso mostra que foi papo furado a história de que Bolsonaro queria que Moro combatesse a corrupção. Do contrário, iria querer o super-herói dos patetas no cargo até o fim do governo.
Para entender, basta olhar as pesquisas recentes sobre a popularidade do atual governo. O governo Bolsonaro é cada dia mais impopular, o titular desse governo é cada vez mais impopular, Sergio Moro também perdeu muita popularidade, mas, ainda assim, é mais popular que Bolsonaro.
O fato, porém, é que Moro, Bolsonaro e todo esse bando de lunáticos que se apoderou do governo do país estão cada dia mais impopulares. Se Bolsonaro chegar ao fim do mandato e Moro ainda estiver lá, também não terá popularidade muito maior que a do chefe. Isso simplesmente porque o governo Bolsonaro, daqui a seis meses, será ODIADO de norte a sul.
Mas não é só isso. Moro vai ficar sendo um incômodo para Bolsonaro porque se for indicado ao STF, não passará pela sabatina em um Congresso que lhe é muito pouco simpático devido aos avanços da Lava Jato contra a classe política. O mesmo Congresso que acaba de lhe impor uma forte derrota, ao tirar o Coaf de suas mãos.
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