Irmã de Aécio teve acesso a investigações sigilosas por meios escusos, diz PF

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Uma operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira (5) aponta que a irmã do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) teve acesso a investigações sigilosas por meios escusos.

A PF de Minas Gerais descobriu uma rede interna de vazamentos, que era comandada por dois escrivães. Eles monitoravam inquéritos e passavam documentos que estavam em segredo de Justiça para advogados.

Na ação, a polícia prendeu três pessoas de forma preventiva, uma de forma temporária, e cumpriu sete mandados de busca e apreensão.

Algumas pessoas também foram intimadas para esclarecimentos, entre elas, a irmã de Aécio, Andréa Neves.

Os escrivães realizaram 56 acessos indevidos em casos de interesse do advogada de Andréa, Sânzio Baioneta Nogueira, entre 2013 e 2018.

A investigação teve início no final do ano passado, após duas operações.

Em uma, em dezembro, cópias de depoimentos de investigados foram encontradas na casa de Andréa, entre eles um de Joesley Batista, daJBS. O empresário delatou dezenas de políticos, como Aécio.

Segundo a PF, os documentos faziam parte de um inquérito sigiloso, do qual o tucano e a irmã não eram parte e, portanto, não fazia sentido que tivessem nenhum tipo de acesso.

Em outra operação, em novembro, a polícia encontrou mensagens de celular entre um advogado e um escrivão de Minas.

Na investigação que se seguiu, a PF descobriu uma série de acessos de dois escrivães em documentos relacionados a inquéritos específicos, de interesse de pelo menos três advogados.

Em um dos casos, um dos servidores preso nesta quarta vazou que haveria uma operação no dia seguinte.

O que ele não sabia é que a pessoa para quem ele estava passando informações sigilosas seria alvo da ação policial, sendo preso na manhã seguinte.

“Amanhã tem confusão de novo rsrsrs. Maldade, como você diz”, escreveu o escrivão Marcio Marra, falando sobre a Operação Capitu, deflagrada no dia 9 de novembro do ano passado. Naquela data, a PF prendeu, entre outros, Joesley Batista, suspeito de ter mentido em delação premiada.

O advogado Ildeu Pereira pergunta se teria “gente conhecida”, ao que o policial responde que não, mas que não seria possível ver todos os alvos, que eram muitos.

A PF detectou que havia uma troca de favores, que justificava o trabalho do escrivão. Pereira, segundo a investigação, atuou para fazer Marra virar conselheiro do Cruzeiro, tendo assim vantagens com ingressos, por exemplo.

Outro advogado, Carlos Arges, passou uma moto para o nome de Marra.

A Justiça determinou a quebra de sigilo bancário dos envolvidos.

Em nota, Andréa Neves disse que estava surpresa de ver seu nome envolvido na operação. “O documento encontrado em minha residência, em dezembro passado, é cópia de depoimento cujo conteúdo já havia sido amplamente divulgado pela imprensa um mês antes. Prestarei todos os esclarecimentos às autoridades “, diz o texto.

A Folha não conseguiu contato com outros alvos da operação.

Da FSP