MBL sofre ataque de outro grupo de extrema-direita e prova do próprio veneno

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Foto: Nelson Almeida | AFP

Uma confusão entre integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) com representantes do grupo Direita São Paulo marcou o início do ato em defesa da Lava-Jato e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na Avenida Paulista, em São Paulo. A briga começou quando integrantes do Direita SP se aproximaram do palanque do MBL e começaram a xingar os representantes do movimento, usando amplificadores de voz.

O deputado estadual Arthur do Val (DEM), conhecido por seu canal ‘Mamãe Falei’, no YouTube, desceu do palanque e foi em direção aos representantes do Direita SP, iniciando um tumulto. A Polícia Militar teve que intervir e separar os grupos. No palanque, líderes do MBL pediam para que a briga se encerrasse e que a direita se unisse “em prol de um Brasil maior”. Com a intervenção policial, os militantes do Direita SP deixaram o local.

— Os caras vieram até aqui para xingar o MBL, mas já acabou, assunto encerrado — minimizou o deputado depois da confusão.

Dezenas de manifestantes pediam para tirar fotos com o parlamentar. Um deles disse a ele para “desmascarar o Glenn”, numa referência ao fundador do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald. O veículo está publicando reportagens sobre mensagens privadas de procuradores da Lava-Jato e o ex-juiz Sergio Moro.

À tarde, no twitter, o MBL divulgou comunicado para “repudiar totalmente essa violência” contra seus membros, numa referência ao incidente envolvendo integrandes do Direita SP.

O coordenador estadual do Direita SP, André Petros, explicou a razão do protesto:

— O MBL já vem de muito tempo apresentando comportamento que não condiz com o que a direita espera, e o que é nossa essência. Tá misturado agora na politicagem do Centrão e se aliou a um dos políticos mais pilantras do Congresso, o Rodrigo Maia — reclamou Petros.

Ao lado do caminhão de som do Direita SP, havia um boneco inflável de Maia, com macacão da Odebrecht e da Gol Linhas Aéreas, empresas que citaram o relacionamento com o político em acordos celebrados com a Justiça.

— Hoje o governo está ótimo. Nosso maior problema é o Congresso — completou Petros.

Ex-aliados, Direita SP e MBL romperam durante as convocações para manifestações de apoio a Bolsonaro realizadas no fim de maio. Na ocasião, o MBL foi contra a mobilização por considerar inapropriadas pautas como o fechamento do STF e do Congresso.

Pelo menos 14 movimentos marcaram presença no ato, que dentre 14h e 17h ocupou quatro quarteirões na Paulista. As principais pautas da manifestação eram o apoio ao presidente Jair Bolsonaro, à reforma da Previdência, à operação Lava-Jato e ao pacote anticrime apresentado por Moro. Há também menções ao decreto de armas, reeditado recentemente pelo governo.

Principais indutores dos protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, os movimentos Vem pra Rua, MBL e Nas Ruas estão à frente da organização, ao lado de grupos de menor capilaridade como Despertar Patriótico, Avança Brasil, Quero me Defender, Brasil Conservador e Guerreiras do Sudeste.

O Nas Ruas levou para seu trio elétrico personalidades como o cantor Latino, a atriz Regina Duarte e o apresentador Otávio Mesquita.

— Sem bundalelê desta vez. Agora o assunto é sério — avisou Latino, de cima do trio, numa referência ao hit “Festa no Apê”.

Logo em seguida, ele completou:

— Mexeu com o Moro, mexeu com o povo. Gostaram? Inventei essa rima agora.

Identificada com setores da direita e aclamada pelo público, Regina Duarte destacou sua criação conservadora, e defendeu a reforma da Previdência, para que o país não “vá à bancarrota”.

— Fui criada por um militar e uma religiosa, que me ensinaram a respeitar regras e a vontade de Deus — disse a atriz, sendo aplaudida.

Ela também pediu união em torno das agendas do novo governo, passados seis meses deste a posse de Bolsonaro:

— Quem perdeu, perdeu, quem ganhou, ganhou. Agora somos um povo só.

Outrora aliado do MBL, o ministro do STF Gilmar Mendes foi alvo de protestos no caminhão de som do movimento, ao lado dos ministros Ricardo Lewandowski e José Dias Toffoli.

— A Suprema Corte do nosso país tem sido muitas vezes conveniente com crimes praticados pelo Congresso Nacional, vaia pra eles! — pediu o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM).

O hino do Brasil é a trilha sonora preferida nos caminhões de som espalhados pela avenida. Placas próximas ao carro de som do MBL faziam menção a “uma lei para proibir o comunismo no Brasil”. Ao lado do caminhão de som do Nas Ruas, um enorme boneco inflável do ex-juiz Sergio Moro traz um adendo: uma placa com a mensagem: “mexeu com Moro, mexeu com o povo brasileiro”.

De acordo com o G1, na manhã deste domingo foram registrados atos em pelo menos 11 cidades do interior de São Paulo.

No Rio, manifestantes se reuniram na orla da praia de Copacabana.

De O Globo