“Aécio e Temer tentaram me cooptar”, diz Janot
Prestes a ver lançado o livro “Nada menos que tudo”, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu fazer jus ao título da biografia. Em entrevista à revista Veja, o ex-chefe do Ministério Público Federal revelou não só como esteve prestes a atirar no desafeto Gilmar Mendes em um dos momentos de maior tensão na relação sempre conturbada com o ministro do Supremo tribunal Federal (STF) , mas revelou tentativas de cooptação do então senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do recém-alçado à Presidência Michel Temer (MDB).
Janot identifica os movimentos como claras tentativas de fazer com que ele interferisse nas investigações que se aproximavam dos dois políticos.
“Certo dia, em 2017, meu conterrâneo, o senador Aécio, sentiu que o clima estava aquecendo com as investigações sobre a Odebrecht e me convidou para ser ministro da Justiça quando ele fosse eleito presidente da República no ano seguinte. Eu, é claro, declinei”, contou Janot à Veja.
“Dias depois, ele voltou e me fez outra proposta: ‘Quero pedir desculpa. O convite não estava à sua altura. Eu acho que você podia ser o meu vice-presidente. Você escolhe qualquer partido da base, filia-se e vai ser o meu vice-presidente. Isso vai ser um fato mundial. O vice-presidente chama embaixadores, representantes de Estado e ele vai para a cozinha cozinhar para essas pessoas. Eu sei que você gosta de cozinhar’. É óbvio que era uma tentativa de cooptação. As investigações da Odebrecht estavam andando e depois o caso JBS foi o tiro de misericórdia contra ele.”
E o ex-PGR continuou: “Houve uma situação semelhante quando Michel Temer assumiu a Presidência da República. O ex-ministro Eliseu Padilha me sondou para que eu partisse para um terceiro mandato como procurador-geral da República”.
De VEJA