Feliciano acha que desperta ciúmes

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Foto: André Coelho

Sentado no gabinete 254 do anexo IV da Câmara dos Deputados, o deputado e vice-líder do governo na Câmara, Marco Feliciano (Podemos-SP), tem prazer em se lembrar das vezes em que mostrou ter influência sobre o presidente Jair Bolsonaro. Aos 46 anos, o deputado eleito para o terceiro mandato por São Paulo tem prestígio junto ao presidente.

O futuro da amizade ainda é incerto em razão de acontecimentos pregressos: em menos de um ano, o presidente já rifou de seu núcleo duro aliados de primeira ordem, como o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno e o ex-senador Magno Malta. Mas, enquanto o fim não se aproxima, Feliciano cumpre seu papel. Além de cuidar da satisfação de aliados com a distribuição de cargos, é um dos responsáveis por azeitar um jogo que hoje é de “ganha-ganha” entre o presidente e o segmento evangélico.

Feliciano se ajeita na cadeira de seu gabinete enquanto enumera, orgulhoso, exemplos concretos de seu poder. Diz ter levado Bolsonaro a vários eventos para ser visto por milhares de fiéis. A relação vai de vento em popa — a ponto de o deputado ter sido convidado a acompanhar a comitiva presidencial na viagem ao Oriente Médio e à China neste mês.

Entre interlocutores mais próximos, Bolsonaro admite que Feliciano foi mesmo importante ao colocá-lo diante de lideranças evangélicas que antes não eram de seu convívio. Até o início do ano passado, o único chefão pentecostal que realmente se relacionava com o então candidato a presidente era o pastor Silas Malafaia, fundador da igreja Vitória em Cristo.

Entre os mais de 90 deputados da frente, há incômodo com a maneira como ele tem demonstrado influência em um governo tão difícil de ser acessado. No último mês, por exemplo, Feliciano foi o responsável por levar jornalistas da Folha de S.Paulo para uma entrevista com Bolsonaro. Outros veículos de imprensa têm buscado a mesma ponte. “Sei que desperto ciúmes”, afirma.

Da Época