Salles chama resposta de Maduro de ‘descabida’
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou nesta quinta-feira (10) que a resposta do governo da Venezuela sobre as manchas de óleo que atingiram o litoral do Nordeste brasileiro é “descabida”.
Relatório da Petrobras apontou que a substância encontrada nas praias é uma mistura de óleos produzidos pela Venezuela.
Em nota divulgada mais cedo nesta quinta, o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou que:
- “não há evidências de derramamentos de óleo nos campos de petróleo da Venezuela que poderiam ter causado danos ao ecossistema marinho do país vizinho”;
- “não recebemos nenhum relatório, no qual nossos clientes e/ou subsidiárias relatam uma possível avaria ou vazamento nas proximidades da costa brasileira”.
Para Salles, no entanto, o governo brasileiro em nenhum momento disse que o óleo tinha vazado de campos venezuelanos, mas sim que foi produzido naquele país.
“Me parece uma nota, primeiro, descabida, precipitada e inadequada. Porque ela diz que não há vazamento de campos, e a hipótese não é de vazamento de campo, e sim o vazamento de um navio que tenha transportado o óleo venezuelano. Isso pode ter sido abastecido lá. A investigação da Marinha é nesse sentido”, afirmou Salles.
Ainda de acordo com Salles, uma comparação de amostras das atuais manchas de óleo com a de um vazamento no passado mostram que, “muito provavelmente”, a substância é de origem venezuelana.
“Ao contrário do que foi dito pelo governo ditatorial da Venezuela, nós não dissemos que o vazamento vem de poços venezuelanos. O que dissemos é que o petróleo encontrado, o óleo encontrado conforme laudo laboratorial da Petrobras, comprova, primeiro, que não é brasileiro e, segundo, é muito provável que seja venezuelano, porque tem similitude com outro vazamento passado e, portanto, ao se comparar essas amostras, se chega à conclusão de que se trata do mesmo óleo ou um blend derivado do mesmo óleo venezuelano”, disse o ministro.
Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 139 locais de 63 municípios já foram atingidos pela substância, distribuídos entre 9 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Nota do governo da Venezuela
Leia abaixo a íntegra do comunicado da Venezuela
Petróleos da Venezuela, S.A. (PDVSA) rechaça categoricamente as declarações do Ministro do Meio Ambiente da República Federativa do Brasil, Ricardo Salles, que acusa a República Bolivariana da Venezuela de ser responsável pelo petróleo bruto que polui as praias do nordeste do Brasil desde o início de setembro, considerando essas alegações infundadas, uma vez que não há evidências de derramamentos de óleo nos campos de petróleo da Venezuela que poderiam ter causado danos ao ecossistema marinho do país vizinho.
Da companhia estatal de petróleo da Venezuela, reiteramos que não recebemos nenhum relatório, no qual nossos clientes e/ou subsidiárias relatam uma possível avaria ou vazamento nas proximidades da costa brasileira, cuja distância com nossas instalações de petróleo é de aproximadamente 6.650 km, via marítima.
A República Bolivariana da Venezuela ratifica seu compromisso com a preservação da vida na Mãe Terra, objetivo histórico consagrado em nossa Constituição e na Lei do Plano da Pátria 2019-2025.
De G1