Lula afirma que democracia não é “pacto de silêncio nem de submissão”
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Guedes fez a afirmação durante uma entrevista à imprensa em Washington nesta terça-feira, quando comentava sobre os distúrbios em países vizinhos ao Brasil. Ao alertar para riscos de quebra-quebra e condenar atos de vandalismo, o ministro lembrou a fala do deputado Eduardo Bolsonaro , que disse que se houvesse uma radicalização da esquerda, o país poderia ter um novo AI-5.
O petista negou a pecha de que defenda manifestações com quebra-quebra nas ruas, mas disse que o país precisa de “agitação democrática”.
— Quando o Guedes (ministro) comenta que pode ter um AI-5 de volta, é preciso observar a grosseria dessa gente. Quem ganha as eleições pode fazer aquilo que está previsto em lei — afirmou Lula, em entrevista a jornalistas do portal “247”.
Para o ex-presidente, o governo Bolsonaro precisa saber lidar com críticas e com manifestações nas ruas. Ele também aproveitou para atacar Guedes.
— Eu não existo na política desde ontem, como Guedes. Não sou um anônimo. Existo desde 1975. De lá para cá, eu participei de todas as eleições, de todas as manifestações e você nunca viu um quebra-quebra — afirmou o petista, que ainda emendou:
— O povo não é obrigado a aceitar a venda de patrimônio público, o desmonte na educação. O povo tem que se manifestar. Então, o Lula está provocando agitação? Não. Eu quero agitação democrática. O povo tem que ir pra rua e dizer “não vai vender o BNDES”. E se quiser vender tem que fazer um referendo.
Lula ainda foi perguntado sobre se tinha algum receio de que a declaração de Guedes poderia significar um pretexto para uma ruptura do governo com a democracia. Ao responder, o petista disse que a sociedade tem que ficar alerta e voltou a classificar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como um golpe.
— Passseata é manifestação da sociedade. Agora, o que esses trogloditas querem ? Eu acho que pode ser pretexto para golpe. Eu acho que a sociedade tem que ficar alerta. Eu acho que chega de inocência com o golpe da Dilma.