RAUL ARBOLEDA / AFP

Manifestantes convocam greve geral na Colômbia

Todos os posts, Últimas notícias
RAUL ARBOLEDA / AFP
RAUL ARBOLEDA / AFP

Após uma reunião de quase três horas com o presidente colombiano, Iván Duque, os líderes dos protestos que tomaram conta do país há quase uma semana convocaram uma segunda greve geral para esta quarta-feira. A oferta de diálogo apresentada por Duque, que no domingo já havia se reunido com outros setores da sociedade, não acaba com o descontentamento que aumentou com a morte de um jovem de 18 anos pela polícia antimotim. A repressão já deixou até agora quatro mortos em seis dias de protestos.

Quase sete em cada dez colombianos desaprovam seu governo, de acordo com uma pesquisa realizada antes da onda de manifestações pela Invamer.

—  Todas as ações de mobilização acordadas estão mantidas —  disse Diógenes Orjuela, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores, um dos sindicatos mais poderosos do país. —  Hoje teremos mobilizações, panelaço  ao meio-dia, velatón [protesto com velas] e panelaço  à noite, parem amanhã.

Orjuela liderou a primeira reunião entre o governo e representantes do Comitê Nacional de Greve, que reúne sindicatos, estudantes e partidos da oposição, na sede presidencial —  um encontro que terminou sem acordos concretos.

Os representantes do comitê, que se recusaram a fazer parte de um grande diálogo nacional com empresários, como propunha o presidente, entregaram um relatório com 13 exigências, entre elas que não haja reformas previdenciária e tributária, além da revogação da Esmad (Esquadrão de Motins da Polícia), acusada pela morte de Dilan Cruz, jovem de 18 anos que se converteu no rosto dos protestos .

O caso de Cruz, atingido por policiais uniformizados, aumentou ainda mais a rejeição do movimento estudantil, que agora pede o fim da Esmad.

—  Está claro que existe uma decisão do governo nacional de reprimir e macartizar o direito de protestar — disse Jennifer Pedraza, líder da universidade que faz parte do comitê.

Após a reunião, Duque anunciou a incorporação de algumas medidas sociais ao projeto de reforma tributária que está sendo discutido no Congresso e deve ser aprovado antes do final do ano.

Em entrevista a jornalistas, o presidente colombiano afirmou que a proposta será modificada para devolver o Imposto sobre Valor Agregado aos 20% mais pobres da Colômbia e para diminuir as contribuições para a saúde dos pensionistas que recebem o salário mínimo —  metade da população aposentada — de 12% para 4% durante três anos. Também haverá três dias por ano sem IVA.

As propostas custarão cerca de 3,2 trilhões de pesos (US$ 931 milhões de dólares), informou o governo. Duque também negou apoiar supostos planos econômicos, entre eles uma redução do salário mínimo para os jovens, que mobilizaram muitos manifestantes.

O governo diz ser alvo de uma campanha de desinformação que alimentou a mobilização, embora admita  considerar legítimas algumas das reivindicações.

Milhares de pessoas saíram às ruas desde a última quinta-feira, quando a convocação de uma greve nacional resultou na maior mobilização enfrentada por um governo recente na Colômbia. Desde então, o barulho das panelas e marchas se alternamcom alguns episódios de repressão policial.

OGLOBO