Para Randolfe, Bolsonaro só flerta com o autoritarismo
O Líder da Oposição no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tem protagonizado grandes embates com aliados do presidente da República, Jair Bolsonaro — em especial, com os filhos do presidente. Ele diz que tem encarado como histórica a tarefa de defender a democracia em tempos de Bolsonaro. “O atual presidente vive flertando com o autoritarismo”, enfatizou o senador, em entrevista ao Metrópoles.
“Ser oposição é uma tarefa, em tempos atuais, que eu diria dramática. Eu estou vivendo o que considero uma missão histórica: de fazer oposição onde a principal causa é defender a democracia”, afirmou.
“Estou convencido de que a situação que nós vivemos, os rompantes autoritários de Jair Bolsonaro e de seu núcleo familiar, que, de fato, comanda o governo que está em torno dele, representa a maior ameaça à democracia brasileira dos últimos 30 a 40 anos”, disse o senador, que aponta “tentações sediciosas” de Bolsonaro contra a democracia.
Nesse rol de tentações, Randolfe enumera ameaças explícitas de Bolsonaro a veículos de comunicação, a defesa por parte do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, da edição de um novo ato institucional contra as esquerdas e a reedição de medidas provisórias afrontando decisões tomadas pelo Congresso.
Um exemplo da ação do presidente foi a insistência do presidente em colocar a competência da demarcação de terras indígenas no Ministério da Agricultura. “Quem olha assim diz: ‘Isso foi na Venezuela’”. Não, foi no Brasil”.
7 x 1
O senador alerta para o que chamou de uma “desconstrução” dos direitos sociais conquistados nos últimos anos e cita a medida provisória do programa Verde e Amarelo, com novas regras de contratação de trabalhadores. “Essa MP Verde e Amarela é algo mais drástico e dramático do que foi a reforma trabalhista para os trabalhadores”, criticou.
O senador ironizou o anúncio feito pela equipe econômica do governo dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de criação de 70.852 vagas com carteira assinada no mês de outubro. E comparou à traumática partida entre Brasil e Alemanha, na final da Copa do Mundo de 2014.
“Comemorar 70 mil empregos diante de 12,5 milhões de desempregados é celebrar empate com a malásia. Ou o primeiro gol do Brasil depois do 7 x 1 com a Alemanha”, comparou.
“Estamos terminando o ano. O governo anunciava que, conforme fossem aprovadas a medidas, a economia ia crescer. Aprovamos a reforma da Previdência e eles vieram com o discurso de que aprovar a reforma da Previdência não é o suficiente para o crescimento da economia. Nós vamos terminar o ano com um crescimento inferior a 1%”, avaliou.
Bolsonarismo
Randolfe ainda criticou o novo partido pretendido por Bolsonaro. “É a cara do que é a família Bolsonaro”, criticou. Apesar de não concordar, o senador alertou que, eleitoralmente, há futuro para essa vertente política. Principalmente se os setores progressistas não entenderem o que é o bolsonarismo.
Ele apresentou uma definição própria: “O bolsonarismo é um movimento extremado que, oportunisticamente, se aproveitou de um sentimento de revolta da sociedade brasileira justa com a classe política”.