Adolescente relata violência da PM de SP

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Foto: Reprodução

A adolescente G. S, de 17 anos, foi com o namorado para o ” Baile da 17 ” no início da madrugada deste domingo, como já havia ido diversas vezes. O que ela não esperava era terminar a noite espancada, segundo ela, pela polícia. A jovem, machucada em várias partes do corpo, foi levada para um hospital e recebeu cerca de 50 pontos. O baile funk terminou em tumulto, com nove pessoas mortas durante uma operação policial , em Paraisópolis , região Sul de São Paulo .

— Eles (policiais) me bateram quando eu já estava sangrando, depois que um policial ainda me acertou com uma garrafa de um ambulante. Na hora que acertou a garrafa no meu rosto, ele gritou comigo: “Agora corre, vagabunda!”

Moradora de Pirituba, ela tem recebido apoio dos pais para contar sua experiência. Ela afirma que “duas ou três” viaturas da polícia fecharam cada uma das saídas do baile, restando apenas uma pequena viela para as pessoas escaparem, onde ocorreram os casos de pisoteamento.

Ela conta que estava conseguindo sair quando viu uma menina caída no chão e sendo pisoteada. Ela foi ajudá-la e então um policial pegou uma garrafa de um ambulante e acertou seu rosto. No calor dos acontecimentos, disse que sentiu o líquido no seu rosto, mas imagina que era bebida. Apenas quando passou a mão para checar percebeu que era sangue. Saiu correndo, e no caminho outros polícias a acertaram com cacetetes, mesmo ela já estando sangrando.

— Nunca vi algo assim, o que eles fizeram com aqueles adolescentes. Eles estavam com raiva — disse ela, que já teve alta do Hospital do Campo Limpo.

As nove vítimas — oito homens e uma mulher, incluindo um adolescente de 14 anos — morreram ao ser pisoteadas durante a operação policial no baile funk. Outras duas pessoas foram socorridas com lesões no posto da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) de Paraisópolis, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Segundo uma nota da Secretaria de Segurança Pública, policiais do 16º Batalhão Metropolitano realizavam a Operação Pancadão na região quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra os agentes. A dupla teria fugido em direção ao baile funk, efetuando disparos, o que, ainda segundo a polícia, provocou tumulto entre os frequentadores do evento. No local, segundo estimativas da PM, havia cerca de 5 mil pessoas.

A adolescente e sua mãe, Michelle, enviaram fotos dos machucados à reportagem. Muito abalada, Michelle afirma que é preciso falar para evitar esse tipo de abuso:

— Pra que fazer isso com os adolescentes? — questiona.

O Globo