Bolsonaristas vinculam filho de Lula a preço da carne (?)

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Foto: Alex Silva/Estadão

Uma publicação com mais de 10 mil compartilhamentos no Facebook sugere que a alta no preço da carne é culpa dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que são “donos de frigoríficos”. Nada disso é verdade: além de os filhos do petista não terem empresas nesse ramo, o aumento no valor da carne se deve a uma soma de fatores externos e internos da economia, como o aquecimento das exportações do produto para a China.

Há anos circula o rumor de que um dos filhos de Lula, Fábio Luís (também conhecido como Lulinha), seja dono da Friboi, marca da JBS. Isso é falso. Lulinha é sócio de cinco empresas: BR4 Participações, FFK Participações, G4 Entretenimento e Tecnologia Digital, Gamecorp e LLF Participações. Nenhuma delas é sócia da JBS ou atua na mesma área.

Também consultamos as empresas das quais são sócios os outros quatro filhos de Lula: Luís Cláudio, Sandro Luís, Lurian e Marcos Cláudio. Nenhum deles tem participação em empresas de frigoríficos.

Mesmo que os filhos de Lula fossem donos de frigoríficos, eles não poderiam influenciar no valor da carne. Como mostra essa reportagem do Estado, uma série de fatores contribuíram para a alta no preço do alimento. Um deles foi um problema na produção de gado: uma forte seca que atingiu a região central do Brasil entre 2014 e 2015 prejudicou a engorda dos bezerros e adiou o corte das carnes.

Outro fator determinante foi o surto de peste suína na China, que dizimou suas criações de porcos. Isso fez com que o país aumentasse substancialmente a importação de carne bovina em substituição à suína, fazendo com que o Brasil exportasse cada vez mais. Com a alta do dólar, os produtores brasileiros se voltaram ainda mais para o mercado externo.

Mais um movimento importante foi o aquecimento da demanda interna, graças às festas de fim de ano e à liberação de recursos do FGTS. Somados, esses elementos provocaram um desequilíbrio na relação entre oferta e demanda, fazendo com que os preços ficassem mais altos.

Estadão