Bolsonaro diz que “aceita” Argentina de esquerda
Foto: Sergio Lima/AFP
Um dia antes de participar do encontro do Mercosul em que o Brasil é o país anfitrião , o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira, que apesar da “guinada” para a esquerda da Argentina, quer pragmatismo na relação entre os dois países.
— Argentina deu uma guinada para a esquerda. A gente vai para o pragmatismo, a gente brigando, a gente vai perder, mas a Argentina perde muito mais. Mas não quero perder não, não quero perder nenhum dedinho — afirmou.
O presidente ressaltou a relação econômica entre os dois países, disse que a Argentina está numa situação “complicadíssima” e citou um acordo sobre a exploração de gás de xisto no país vizinho, em uma formação geológica conhecida com Vaca Muerta.
— No começo, o presidente eleito falou em rever a questão do Mercosul. O chefe do Banco Central deles, ontem, teria falado em emitir dinheiro. Eu não sou economista, tá certo, mas ouvi o Roberto Campos sobre essa questão. A Argentina está numa situação econômica complicadíssima. Estamos com acordo para o gás de Vaca Muerta, que interessa pra eles, interessa para nós também — disse.
Bolsonaro falou da vontade de o Brasil de ter uma passagem comercial pelo litoral sul-americano do Oceano Pacífico — uma referência ao chamado Corredor Bioceânico, de 4 mil quilômetros, que pretende ligar o Atlântico ao Pacífico, começando no Porto de Santos, passando por Argentina e Bolívia e chegando aos portos chilenos de Arica e Iquique. Além disso, ressaltou a importância de respeitar contratos.
— Temos um sonho de uma passagem pelo Pacífico, passaria pela Argentina, depende do contato com eles. Nós temos que honrar contratos, não podemos rasgar contratos, acordos, porque a gente perde a credibilidade.
A cúpula do Mercosul começa nesta quarta-feira e será realizada na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A reunião não contará com a participação dos presidentes eleitos da Argentina, Alberto Fernández, que toma posse em 10 de dezembro, e do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, que toma posse em março de 2020. O presidente Jair Bolsonaro chegará na reunião somente na quinta-feira.