Inflação para mais pobres é maior

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Foto: Reprodução

Carnes e energia elétrica mais caras levaram a inflação percebida por famílias de baixa renda ao maior patamar em sete meses, segundo o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), que apura percepção de preços entre famílias com ganhos até 2,5 salários mínimos, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O índice foi a 0,56% em novembro, ante 0,12% em outubro. Foi a mais elevada taxa desde abril deste ano (0,73%).

O impacto na cesta orçamentária dos mais pobres foi tão forte que posicionou o indicador em patamar acima da inflação média, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR), que abrange famílias com até 33 salários mínimos mensais e subiu 0,49% em novembro.

Na prática, os produtos e serviços que estão em alta, no momento, teriam mais peso na formação da cesta básica dos mais pobres – e, por isso, o IPC-CI estaria subindo de forma mais acelerada do que o IPC-BR.

Para André Braz, economista da FGV, o resultado sinaliza que a inflação entre os de menor poder aquisitivo deve encerrar o ano acima da inflação geral medida pelo IPC-BR. Até novembro, o IPC-C1 acumula alta de 3,64%, contra 3,31% do IPC-BR. Em 12 meses, as taxas acumuladas para esses dois indicadores ficaram em 3,98% e em 3,61% respectivamente.

Um dos principais produtos responsáveis pelo resultado foi carne bovina, cuja inflação saltou de 1,05% para 7,56%. O economista lembrou que a carne sofre, hoje, de cenário de demanda maior do que oferta. Os produtores têm deslocado o produto mais para o mercado externo, o que diminui oferta e eleva preços no mercado doméstico. Preços administrados em alta também contribuíram, com aumentos em novembro de tarifa de eletricidade residencial (2,85%) e de jogos lotéricos (26,6%).

Valor Econômico