Trump escancara fracasso da diplomacia bolsomínion
Foto: Carlos Barria/REUTERS
O episódio da sobretaxa aplicada por Donald Trump ao Brasil revela o fracasso da escolha feita pelo governo na política externa. O presidente Jair Bolsonaro definiu os EUA como seu parceiro preferencial. Nesses poucos meses, cedeu em vários pontos da relação. Mas já tomou duas bolas nas costas dos americanos em menos de um ano.
A primeira havia sido na candidatura para membro da OCDE. Esperando o apoio dos EUA, o Brasil abriu mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio, que lhe garantia tratamento especial nas negociações da entidade. Era uma condição feita pelos americanos. Mas eles não indicaram o Brasil para membro de OCDE. Este ano, os EUA indicaram a Romênia e a Argentina.
Agora, veio a segunda bola nas costas. Não houve nenhum aviso prévio sobre a sobretaxa ao aço e ao alumínio. Uma boa diplomacia sabe as coisas antes. O ministro Ernesto Araújo esteve nos EUA em setembro. Em novembro quem passou por lá foi o ministro Paulo Guedes. Ninguém recebeu qualquer dica de que a retaliação viria. O governo foi totalmente surpreendido exatamente por quem havia escolhido como parceiro preferencial.
Os EUA são importantes para o país. Mas o Brasil sempre teve como marca uma política externa universal.