Trump se recusa a ir a audiência de impeachment

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Foto: Reprodução

A Casa Branca anunciou neste domingo (01/12) que o presidente Donald Trump não participará da audiência pública no Congresso referente ao processo de impeachment contra ele, nem enviará representantes. A decisão ressalta a disposição do republicano de deslegitimar o inquérito.

O presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes, o democrata Jerrold Nadler, havia convidado os advogados de Trump para participarem de uma audiência pública marcada para esta quarta-feira. “Sob as circunstâncias atuais, nós não planejamos participar da audiência”, disse o advogado da Casa Branca Pat Cipollone em uma carta enviada a Nadler.

Cipollone não descartou que a Casa Branca ou Trump enviem advogados para uma segunda audiência no comitê, e afirmou que uma resposta será dada antes da próxima sexta-feira, prazo estabelecido por Nadler.

Nesta quarta-feira começa uma nova fase das audiências públicas de investigação da Câmara dos Representantes contra Trump. Nela, o Comitê Judiciário deve avaliar se deve ou não elaborar acusações formais contra o presidente americano – chamadas de artigos de impeachment.

Para isso, se baseará em um relatório com as provas contra Trump escrito por outro painel, o Comitê de Inteligência, que nesta segunda-feira se reúne para revisar esse documento-chave. Depois disso, na terça-feira, votará para aprová-lo e encaminhá-lo ao Comitê Judiciário.

Se esse segundo painel elaborar e aprovar acusações contra o presidente, o plenário da Câmara votará para decidir se deve dar luz verde à audiência de impeachment a ser realizada no Senado, em que os republicanos têm maioria.

Nesta quarta-feira, devem ser discutidos os precedentes constitucionais dos julgamentos políticos. Em sua carta, Cipollone insinuou que a Casa Branca a considera uma sessão de menor importância. “Não inclui testemunha alguma relacionada aos fatos”, criticou.

“Existem inúmeras deficiências no processo, que infectaram a investigação. Uma discussão acadêmica com professores de direito não proporciona ao presidente um julgamento justo”, completou o advogado.

Cipollone também acusou Nadler de marcar intencionalmente a audiência para uma data em que Trump estará fora do país. “O senhor agendou esta audiência inicial – sem dúvida, de propósito – para um período em que o senhor sabe que o presidente estará fora do país, participando da reunião de líderes da Otan em Londres”, escreveu.

A decisão ilustra a determinação de Washington de boicotar um processo que o governo tenta deslegitimar desde seu início, em setembro. Um dos maiores exemplos dessa estratégia foi o bloqueio de Trump a várias testemunhas-chave.

Ausente da audiência, a Casa Branca deixará aos seus aliados, como o congressista republicano Jim Jordan, a tarefa de convencer os americanos de que o presidente não merece um impeachment por causa de suas pressões sobre a Ucrânia.

As investigações da Câmara dos Representantes buscam determinar se Trump bloqueou intencionalmente a entrega de uma ajuda militar de quase 400 milhões de dólares à Ucrânia para pressionar Kiev a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden e os negócios de seu filho, Hunter Biden, naquele país. O filho do democrata é membro do conselho de uma empresa de gás ucraniana.

Os democratas acusaram Trump de congelar a ajuda e de instrumentalizar o desejo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por uma reunião na Casa Branca, para pressionar um aliado vulnerável dos EUA a criar um constrangimento judicial contra adversários políticos do atual mandatário americano. Trump está buscando se reeleger em 2020, e Biden é um de seus mais prováveis adversários.

O escândalo estourou em setembro, após a imprensa americana revelar a existência da denúncia de um membro da administração governamental a respeito de uma conversa telefônica entre Trump e Zelensky que ocorreu no final de julho.

No telefonema, Trump pediu repetidamente para que o ucraniano tomasse providências para investigar os Biden. Uma transcrição da conversa confirmou que Trump abordou o caso de Biden com Zelensky.

DW