Alvim usou a Cruz de Lorena ao citar nazismo

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Foto: Miguel Sotomayor/Getty

A fala do secretário de Cultura, Roberto Alvim, que citou trechos de discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, gerou indignação e uma série de pedidos de punição. O Palácio do Planalto decidiu demiti-lo nesta sexta-feira (17/01/2020).

A citação de um dos principais líderes do regime nazista e entusiasta do Holocausto chamou a atenção também pelo secretário estar acompanhado de uma Cruz de Lorena (canto inferior direito na imagem abaixo) — amuleto religioso símbolo da Paixão de Cristo, de honra e fé.

A polêmica começou após a divulgação do vídeo de anúncio do Prêmio Nacional das Artes. Alvim, sentado ao centro, aparece ao lado de uma bandeira do Brasil, uma foto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do amuleto religioso.

Segundo historiadores, a cruz é originalmente heráldica, ou seja, ligada a brasões de armas ou escudos. A Cruz de Lorena simbolizava que os Duques de Lorena, na França, eram duplamente cristãos: por serem príncipes de um Estado cristão e como os conquistadores de Jerusalém.

O símbolo também é usado na maçonaria, como uma representação cristã da resistência e da honra da fé.

No Twitter, Alvim se identifica como cristão, com a seguinte frase: “Deus vult”, que significa Deus quer, em Latim. A frase foi o grito de guerra quando o papa Urbano II declarou a Primeira Cruzada no Concílio de Clermont, em 1095.

À época, a Igreja Ortodoxa pediu ajuda ao ocidente para interromper a expansão islâmica do Império Seljúcida na Anatólia, frase que seria repetida por toda a Europa.

A Cruz de Lorena é semelhante à Cruz de Caravaca. Segundo historiadores, no século XIII, um rei mouro obrigou um sacerdote prisioneiro a celebrar uma missa. O sacerdote, no momento de celebração da missa, não conseguiu falar e respondendo às inquietações do rei, explicou que não conseguia falar porque lhe faltava a santa cruz.

Diante da situação, dois anjos desceram do céu trazendo a cruz de quatro braços. Com o suposto milagre, o rei mouro converteu-se ao cristianismo.

Roberto Alvim usou trechos do discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, para anunciar o Prêmio Nacional das Artes e provocou reações.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”, disse Alvim.

O secretário afirmou ainda que “ao país a que servimos só interessa uma arte que cria a sua própria qualidade a partir da nacionalidade plena”. “Queremos um cultura dinâmica e, ao mesmo tempo, enraizada na nobreza dos nossos mitos fundantes. Pátria, família, a coragem do povo e a sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas“, emendou.

Metrópoles