Bolsonaro recua de ataque ao Irã

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Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil/Arquivo

O presidente Jair Bolsonaro tentou afastar nesta terça-feira a hipótese de esfriamento do comércio entre Brasil e Irã após a chancelaria do país persa convocar o representante do governo brasileiro em Teerã para pedir explicações sobre o posicionamento do país ante o assassinato do general Qassem Soleimani, atingido por um míssil americano.

“Temos comércio com o Irã e vamos continuar com este comércio”, disse Bolsonaro em entrevista concedida na porta do Palácio do Alvorada, em Brasília. E repetiu: “Repudiamos terrorismo em qualquer lugar do mundo e ponto final”.

Um pouco mais adiante, quando o assunto voltou a ser mencionado, o presidente demonstrou desinteresse em se estender no tema. “Me reservo ao direito de estadista de não discutir este assunto […] O Irã tomou alguma medida contra nós? Eu acho que não”, afirmou.

Na última segunda-feira, a encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pela chancelaria iraniana, segundo o Ministério das Relações Exteriores. De acordo com o Itamaraty, o teor da conversa é reservado e não será divulgado.

Na quinta-feira da semana passada, o general iraniano Qassem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, foi morto em um ataque por drones ordenado pelo governo dos Estados Unidos. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, o ataque serviu para “parar” uma guerra, não iniciar uma.

Um dia após o ataque, o Itamaraty divulgou uma nota na qual disse apoiar a “luta contra o flagelo do terrorismo”. Na nota, o governo brasileiro condenou um ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, cidade onde Soleimani foi morto, mas não condenou a morte do general iraniano.

Bolsonaro voltou a dizer que não pode ser responsabilizado sozinho pelo preço dos combustíveis e apontou medidas que, no entendimento dele, poderiam diminuir o preço cobrado dos consumidores. Ele afirmou que o ICMS representa, em média, um terço do valor na bomba, e que a incidência do imposto poderia ocorrer no preço da refinaria.

“O ICMS não incide sobre o preço da refinaria, mas em cima do preço médio na bomba. Daí aquele que está praticando o preço um pouco abaixo se vê prejudicado e aumenta”, argumentou. “Acho que a grande solução é cobrar ICMS no preço da refinaria”.

O presidente ponderou que os estados passam por dificuldades nas finanças, e por isso dificilmente os governadores abriram mão de recursos sem contrapartida federal.

“Alguns falam: conversa com os governadores. A maioria deles estão quebrados. Daí eles dizem ‘eu topo, presidente, mas qual a compensação?’”, argumentou. “Alguns, ou grande parte, sempre vê o momento de arranjar mais recursos com esta estratégia, de cobrar em cima do preço médio da bomba. E quem paga o pato sou eu”.

Outra alternativa defendida pelo presidente é a redução do custo de transporte do etanol, o que também impactaria no preço da gasolina. Segundo ele, o Congresso tem “projeto parado” sobre autorização para frete sem intermédio de distribuidoras, e isso poderia reduzir em aproximadamente R$ 0,20 no valor final do etanol para o consumidor.

Valor Econômico