Caso Secom incrimina Bolsonaro, SBT e Record

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O capanga de Bolsonaro na Secom quis retaliar Globo e Folha e acabou incriminando o chefão, Sílvio Santos, Edir Macedo e outros menores. Eles infringiram a lei 12.813/2013. Se houver Justiça no Brasil, e não só perseguição política, irão todos em cana

Em outubro último, o chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten,  após criticar reportagem da Folha, sugeriu boicote publicitário a órgãos que, no seu entender, veicularem “manchetes escandalosas”, ou seja, manchetes contra o governo.

Em seguida, Bolsonaro reduziu drasticamente os repasses do governo para a Globo por criticá-lo – coisa que, ressalte-se, Lula ou Dilma nunca fizeram apesar dos ataques da emissora quando governavam. Com isso, Record e SBT, TVs aliadas de Bolsonaro, foram favorecidas.

Bolsonaro começou a dar mais recursos a tevês como menos audiência que a Globo. Foram R$ 10,3 milhões à Record, R$ 7,3 milhões ao SBT e, à Globo, R$ 7,07 milhões. E, em 2019, o governo gastou R$ 75,5 com publicidade institucional; em 2018, R$ 44,5 milhões; em 2017, R$ 35 milhões.

Não foi uma boa pedida. A Folha foi atrás desse escândalo e descobriu outro ainda maior. O Chefe da Secom, Fabio Wajngarten, recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas por ele mesmo para veicularem publicidade de ministérios e estatais do governo Bolsonaro.

A Secom tratou, logo, de emitir nota culpando a janela pela paisagem. “A Folha desconhece a lei, mente e faz mau jornalismo”, diz nota que cita a lei 8.112, de 1990, que determina que ocupantes de cargos públicos devem se afastar da administração de empresas das quais sejam sócios. Dias antes de assumir o cargo, Wajngarten deixou função na sua empresa que recebe dinheiro público.

A nota da Secom, porém, ignora a Lei de Conflito de Interesses (12.813/2013). Ela proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões, ou seja, o chefe da Secom dá dinheiro público para empresas que contratam serviços da empresa da qual ele é dono.

Foi aí que Bolsonaro e seu capanga arrumaram encrenca maior do que imaginaram. O Ministério Público de Contas, alertado pela Folha, pediu “revisão de verbas publicitárias do governo Bolsonaro” pelo TCU porque a Secom não seguiu critérios de audiência. Emissora mais assistida, a Globo recebeu em 2019 verba publicitária menor que as da Record e do SBT.

Eis que, como faz sempre que a coisa aperta, Bolsonaro abandona os aliados pelo caminho. Já fez reunião para se livrar do laranja. Colocará a culpa nele como fez com o “dono” do PSL. Já convocou reunião para discutir como se livrar do capanguinha que se deixou apanhar.

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