Documentário complica Moro no STF

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A indicação de Democracia em Vertigem ao Oscar complica MUITO a vida de Sergio Moro. A narrativa do documentário não deixa dúvida sobre a parcialidade do ex-juiz e dos procuradores. A pressão para o STF condenar Moro é enorme.

Falou-se que democracia em vertigem, em nível mundial, atinge negativamente a mídia por mostrar como trabalhou para derrubar Dilma e prender Lula, falou-se que ajuda Lula ao mostrar ao mundo a falta de provas contra ele, mas o que não se abordou foi o descomunal prejuízo que Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato terão devido à obra de Petra Costa.

Uma das narrativas mais mortais para Moro e a Lava Jato é sobre a falta de provas que Petra sintetizou na argumentação da Força-Tarefa de Curitiba no célebre Power Point. Tem início a locução de Deltan Dallagnol em tom apoteótico:

“Hoje, o Ministério Público Federal acusa o senhor Luiz Inácio Lula da Silva como o comandante máximo do esquema de corrupção identificado pela Lava Jato”

Não poderia faltar na obra o famigerado power point da Lava Jato, que foi matéria prima de deboches na internet por anos. Petra informa o espectador que aquilo foi transmitido ao vivo pela tevê.

Mas a apoteose da demonstração facílima de que tudo aquilo não passava de uma imensa armação reside no comentário da diretora-narradora do documentário. Ela fala sobre a acusação de posse do Triplex por Lula naquilo que ela classificaria como “show do Ministério Público”, que falava em “roubo de bilhões” e lembra que “A acusação de fato, após dois anos de investigação, era a de que Lula havia recebido um tríplex de uma empreiteira. E o fato de que não existem provas de que ele é o dono do apartamento é considerado prova de sua tentativa de escondê-lo (??!!)”

Petra conclui, então, para o espectador, a lógica cristalina de sua análise do que a Lava Jato consegui provar com todo esse espetáculo:

“Eu esperava que as investigações tivessem me convencido se Lula era culpado ou inocente, mas o que eu estava vendo eram procuradores fazendo um espetáculo”

Petra, então, relata a audiência espalhafatosa que Moro convocou para ir tecendo a teia em que enredaria Lula. Mostrou ao mundo o ambiente que se criou em torno do confronto em que se transformaria o depoimento de Lula ao ex-juiz.

Petra, então, corta do depoimento de Lula para sua prisão, com todos os detalhes da tristeza dos seus apoiadores ante sua prisão iminente. Com eles, aos milhares, formando uma barreira humana ao redor do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, onde o ex-presidente se abrigou antes de ser preso.

Outro corte e a cena, agora, é a da comemoração da vitória de Jair Bolsonaro na eleição de 2018 – como se disse que a prisão do ex-presidente tivesse produzido, como produziu, a vitória do capitão reformado.

O filme termina com a tela negra e, em letras brancas, a sentença da culpa de Sergio Moro. O ex-juiz é julgado e condenado de forma implacável pelos fatos. Aquelas letras brancas rasgam a escuridão da tela com a verdade, nada mais do que a verdade.

O mundo ficará com a certeza de que Moro é parcial. O STF terá que ter muita, muita, mas muita coragem mesmo para não julgar Moro suspeito para julgar Lula. Coragem de posar para a história e para o mundo como um tribunal covarde e corrupto.

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