Europa tenta salvar acordo nuclear com o Irã

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O encarregado de Relações Exteriores da UE, Josep Borrell. Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP

Ministros das Relações Exteriores da União Europeia evitaram na sexta-feira qualquer resposta imediata à decisão do Irã de intensificar seu enriquecimento de urânio, preferindo reiterar o pedido a Teerã para respeitar os limites do acordo de controle de armas nucleares de 2015. Nesta sexta-feira, os Estados Unidos impuseram novas sanções econômicas ao país persa.

Segundo o encarregado de Relações Exteriores do bloco europeu, Josep Borrell, os 28 ministros concordaram em intensificar a diplomacia para aliviar as tensões. Borrel, no entanto, não deu detalhes específicos além de reiterar o compromisso de preservar o acordo e reforçar o apoio ao Iraque.

— A região não pode arcar com outra guerra, pedimos uma redução urgente nas tensões e prudência máxima — disse Borrell, a repórteres após uma reunião de emergência nesta sexta-feira.

Por temerem um conflito aberto entre o Irã e os Estados Unidos, os chanceleres, acompanhados do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, realizaram um encontro convocado às pressas, para pedir calma após o assassinato do poderoso general iraniano Qassem Soleimani, e os consequentes ataques de mísseis em retaliação contra posições americanas no Iraque.

Um dia antes, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, havia defendido o acordo nuclear, apesar do pedido de Donald Trump aos europeus para que o abandonassem, e advertiu Teerã contra qualquer “ação irreversível”.

Segundo Borrell, os 28 ministros das Relações Exteriores concordaram em intensificar a diplomacia para aliviar as tensões. Ele, no entanto, não deu detalhes específicos além de reiterar o compromisso de preservar o acordo nuclear e reforçar o apoio ao Iraque.

— Pedimos ao Irã que volte à conformidade total e contamos com a AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] para continuar monitorando e verificando as atividades do Irã — disse, se referindo ao órgão de controle atômico da ONU. — Talvez não possamos evitar que no final seja cancelado.

Segundo diplomatas, em princípio, Alemanha, Reino Unido e França concordaram em iniciar um processo que poderia levar a novas sanções da ONU contra Teerã, mas hesitaram temendo que o Irã possa reagir mal.

— Estávamos planejando fazê-lo, mas agora isso seria visto como uma medida de escalada da tensão — disse à Reuters um diplomata da UE, acrescentando, no entanto, que isso pode ocorrer em breve.

Apesar das ações recentes, o Irã disse que a agência nuclear da ONU pode continuar suas inspeções no local em suas instalações atômicas, deixando algum espaço para diplomacia.

A reunião contrastou com os comentários públicos dos ministros das Relações Exteriores da UE. Borrell se recusou a comentar sobre a resistência do Irã a uma investigação independente sobre o acidente de um avião ucraniano em Teerã. Canadá e outros acreditam que o avião tenha sido derrubado por um míssil iraniano, provavelmente por engano.

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, já havia alertado antes da reunião de sexta-feira que o Irã pode ter uma arma nuclear em um a dois anos se o país romper completamente com um acordo de contenção nuclear que alcançou com as potências mundiais em 2015.

— Queremos que esse acordo tenha futuro, mas só terá futuro se for cumprido e esperamos isso do Irã — disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, a repórteres.

O Globo.