Evo recua sobre guerrilhas na Bolívia
Foto: Stringer/Reuters
O ex-presidente boliviano Evo Morales , atualmente refugiado na Argentina,retratou-se por ter manifestado apoio à formação de “milícias armadas” inspiradas nas venezuelanas em seu próprio país. A declaração foi feita a uma rádio de Buenos Aires no fim de semana passado, e gerou forte controvérsia.
“Alguns dias atrás, vieram a público palavras minhas sobre a formação de milícias. Eu as retiro. Minha convicção mais profunda sempre foi a defesa da vida e da paz”, afirmou ele em carta pública divulgada em sua conta de Twitter.
O ex-chefe do Estado boliviano provocou contrariedades na Bolívia e na Argentina depois de declarar no fim de semana que, “se voltar (para a Bolívia) ou se alguém voltar, devemos organizar como na Venezuelamilícias armadas do povo”.
Em sua carta de retificação, Morales disse não querer “que nada que ele diga seja usado como pretexto para perseguir e reprimir minhas irmãs e meus irmãos”.
As declarações de Morales provocaram protestos da União Cívica Radical da Argentina, de centro, cujo presidente Alfredo Cornejo questionou o status de refugiado do ex-presidente.
Depois de conhecer essa retração pública, a ministra das Relações Exteriores do governo interino da Bolívia, Karen Longaric, comentou:
— Na verdade, isso já é irrelevante, porque de, seu foro interno, ele divulgou todas as intenções que tem com o país e com o povo boliviano.
O governo de transição da Bolívia sustenta que as declarações de Morales se enquadram nos crimes de sedição e terrorismo e as adicionaram a uma investigação já em curso contra o ex-presidente.
Jean Arnault, enviado especial da ONU para a Bolívia, disse na quarta-feira que a agência “reforça a rejeição expressa por muitos atores nacionais às declarações recentes” do ex-presidente.
Desde que Morales renunciou após semanas de protestos e sob pressão de militares, o Executivo interino, comandado pela senadora Jeanine Áñez, tem promovido diversas ações judiciais contra o ex-presidente e membros de seu governo, em uma campanha que seus opositores denunciam como “uma caça às bruxas”.
Na semana passada, o governo interino da Bolívia anunciou que vai investigar cerca de 600 autoridades de Morales por suposta corrupção. Já nesta semana o ex-braço direito de Morales, Carlos Romero, foi preso.