O silêncio ensurdecedor do governo do RJ sobre a água turva
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Há oito dias, moradores de 46 bairros e municípios da Baixada vêm recebendo água com cheiro, gosto e cor fortes em casa. Relatos de pessoas passando mal após o consumo se multiplicam. Os estoques de água mineral evaporam dos supermercados. A Cedae apenas atribui o problema à presença de geosmina, uma substância produzida por algas que seria inofensiva, em amostras coletadas em sua rede. No entanto, especialistas questionam tal justificativa. Em meio ao caos, cariocas destacam nas redes sociais o silêncio do presidente da estatal, Helio Cabral Moreira, que ainda não se manifestou sobre o episódio. Cobram também um posicionamento do governador Wilson Witzel, que, de férias em Orlando até esta terça-feira, também não se pronunciou.
Mesmo fora do Brasil, Witzel tem comentado no Twitter outros assuntos relacionados ao governo. Esta manhã, por exemplo, postou sobre a auditoria feita em todos os contratos do estado em 2019. Helio Cabral Moreira foi nomeado por Wilson Witzel logo no início de sua gestão. O GLOBO entrou em contato com as assessorias de imprensa de Witzel e da Cedae, em busca de um posicionamento do governador e do presidente da estatal. Mas, até o início da tarde desta terça-feira, não havia obtido resposta.
Internautas também questionam a demissão, em 15 de março, de 54 funcionários da empresa que tinham entre 25 e 40 anos de casa, amplo conhecimento técnico e experiência de gestão.
O Ministério do Estado do Rio (MPRJ) e o Procon Estadual (Procon RJ) vão investigar as denúncias de baixa qualidade da água fornecida pela Cedae nos últimos dias. Se houver comprovação de irregularidades, eles podem entrar com ações coletivas e, no caso da autarquia da defesa do consumidor, uma multa de até R$ 10 milhões pode ser aplicada. Os consumidores que se sentirem lesados também estão aptos a entrar na Justiça para pedir indenização ou isenção do pagamento da conta e, dependendo do caso, até mesmo reparo por dano moral.
Em nota à imprensa, a Cedae informa que a água fornecida “está dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde e própria para o consumo”. A companhia divulgou que adotará, em caráter permanente, a aplicação de carvão ativado pulverizado no início do tratamento. “Isso será feito para reter a geosmina caso esse fenômeno volte a ocorrer. A Cedae já deu ordem para a aquisição que deverá ser aplicada nos próximos dias”, disse em comunicado.