Racismo no Itaú gera revolta

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Foto: Reprodução

A modelo e empresária Lorena Vieira denunciou, nesta quinta-feira (30), que foi vítima de racismo em uma agência do Banco do Itaú, no Rio de Janeiro. O caso está repercutindo nas redes sociais e gerando revolta de internautas.

Pelo Twitter, Lorena, que é esposa do DJ Rennan da Penha, conta que foi conduzida até uma delegacia depois de ter ido à agência bancária, na Rua da Soja, 82, na Penha, zona norte do Rio, desbloquear um cartão e sacar R$ 1.500.

Ao chegar à agência, ela diz que funcionários do Itaú a trataram com deboche e preconceito por ser mulher do DJ Rennan da Penha. Em sua rede social, Lorena publicou vários vídeos e textos relatando o episódio de racismo, o qual associou ao fato de ser negra.

“Elas (funcionárias) estavam falando que ‘entrou uma quantidade de dinheiro e a gente não sabe de onde vem’. Eu fiquei sem entender. Eles começaram a cochichar, os funcionários do banco começaram a me olhar. Eu não estava entendendo. A funcionária falou para a gente esperar um pouco e saiu. Ela não voltou mais, quem voltou foi a Polícia Civil. Três policiais, falando para eu ir para a delegacia”, conta.

Lorena relatou ainda que ao ser conduzida para a delegacia, ouviu declarações racistas dos policiais civis. “Os três policiais que foram atrás de mim e que falaram coisas que me machucaram são brancos. Não tem outra explicação que não o preconceito. Perguntaram se já fui presa, se tinha passagem. Passei por essa situação horrorosa”.

“Por que eu não posso receber bem? Por que não posso ter dinheiro? ”, questionou.

Renan da Penha também se manifestou pelo Instagram sobre o caso. “Por que é fraude? Por que minha mulher não pode ter um dinheiro na conta dela? Ela trabalha, tem uma linha de shampoo dela? Que loucura é essa? Me responde, Itaú”, exigiu o DJ, criador do famoso (e extinto) Baile da Gaiola.

Outra vítima de racismo, Rennan chegou a ser condenado a mais de seis anos de prisão, na segunda instância da Justiça, por suposta associação ao tráfico a partir de uma acusação frágil da polícia. Rennan foi libertado em novembro do ano passado. A prisão dele era considerada racista e tag #RennanLivre dominou as redes sociais, já que ele havia sido absolvido na primeira instância.

Repercussão nas redes

Várias personalidades e ativistas do movimento negro repudiaram o racismo contra Lorena na agência do Itaú.

O youtube Felipe Neto publicou o relato de Lorena em seu Twitter e cobrou explicações do banco.

A escritora Denise Tremura, o ativista Roger Cipó, o youtube Yuri Marçal, a deputada federal Jandira Feghali (PC do B), o deputado federal (PT) Paulo Pimenta, o ator José de Abreu e a funkeira MC Rebecca repudiaram o episódio de racismo do Itaú e prestaram solidariedade à Lorena Vieira.

 

 

 

 

 

 

Em nota, o banco Itaú lamentou o ocorrido e disse que o “procedimento adotado na agência é padrão em casos de suspeita de fraude, e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero”.

Lorena rebateu a nota do Itaú. “Procedimento padrão? Dizer que está resolvendo meu problema, me fazer esperar até depois do horário de fechar o banco. Não me informar o que estava acontecendo, mentir para me prender e não deixar eu sair e chamar a POLÍCIA CIVIL??????? Isso é procedimento padrão? ”, questiona.

O Banco não respondeu ao questionamento de Lorena e a Polícia Civil ainda não se posicionou sobre o caso.

Em nota divulgada nesta sexta-feira (31), a CUT-Rio repudiou o caso de racismo e prestou solidariedade à Lorena Vieira. “Exigimos que respostas sejam dadas e responsáveis sejam punidos de forma exemplar para que no futuro nenhuma mulher negra e periférica seja submetida à qualquer situação parecida”.

CUT