Secretário de Cultura defende sua frase nazista
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Após gerar indignação com um vídeo em que copia uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, o secretário especial de Cultura de Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, usou suas redes sociais para falar sobre o assunto. O secretário classificou as semelhanças de seu discurso com o de Goebbels como uma “coincidência retórica” mas defendeu que “a frase em si é perfeita”.
“O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira… É típico dessa corja. Foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. Eu não citei ninguém. E o trecho fala de uma arte heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro”, escreveu Alvim.
Apesar de afirmar que jamais citaria Goebbels, o secretário reconheceu a semelhança entre ambos os discursos e afirmou que “a frase em si é perfeita”.
“Não há nada de errado com a frase. Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com UMA frase de um discurso de Goebbles… Não o citei e JAMAIS o faria. Foi, como eu disse, uma coincidência retórica. Mas a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo é o que queremos ver na Arte nacional.
Na noite de quinta-feira, Roberto Alvim gerou indignação nas redes sociais por causa de um vídeo criado para divulgar o Prêmio Nacional das Artes, projeto lançado horas antes em live com a participação do próprio presidente. No discurso, o secretário copiou uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.
#PrêmioNacionaldasArtes | Marco histórico nas artes e na cultura brasileira! Com investimento de mais de R$ 20 milhões, o Prêmio Nacional das Artes vai apoiar projetos de sete categorias em todas as regiões do Brasil. Dê o play e confira! pic.twitter.com/dbbW4xuKpM
— Secretaria Especial da Cultura (@CulturaGovBr) January 16, 2020
Além do trecho copiado do discurso de Goebbels, outra referência ao regime de Adolf Hitler é a trilha sonora do pronunciamento: a ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner. O compositor alemão era celebrado pelo líder nazista e teve grande influência em sua formação ideológica.
Ao contrário do que afirmou Alvim em seu post, o vídeo não gerou críticas apenas entre a esquerda. Ideólogo de direita admirado por integrantes do governo, Olavo de Carvalho escreveu em seu Facebook que Alvim “talvez não estivesse muito bem da cabeça”.
Apoiador do governo Jair Bolsonaro e diretor de um documentário sobre o ideólogo Olavo de Carvalho, o cineasta Josias Teófilo afirmou no Twitter que Alvim “tem que cair, e logo”.
“Alvim brigou com três ministros, enganou o presidente com promessas que não poderia cumprir e fez um vídeo nazista”, escreveu Teófilo.
Venho notando há um bom tempo que Roberto Alvim está passando por problemas de ordem pessoal seríssimos. Desde novembro do ano passado, para ser mais específico. Nada justifica o q ele vem fazendo e fez hoje. Esse vídeo é de fato assustador, mas não é estranho para o q vi.
— Josias Teófilo (@josiasteofilo) January 17, 2020