Weintraub surta ao negar novos erros no Sisu

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que não há problemas no Sisu. Ele culpou “gente maldosa que tem interesse em fazer terrorismo” pelas reclamações.

— A gente vê inclusive que, muitas reclamações que estão sendo feitas, quando você entra no perfil da pessoa você vai ver que é vinculada a um partido radical de esquerda, que a pessoa gosta de certos indívudos que gostam de colocar terror nas pessoas — afirmou o ministro, no vídeo. — Não se levem por gente que quer causar o mal de vocês ou quer causar terror.

Os dois perfis, no Instagram e no Twitter, com mais repercurssão sobre o erro, no entanto, não têm qualquer postagem relacionada a partidos ou movimentos tradicionalmente associados à esquerda.

No vídeo, Weintraub não explicou o problema apontado pelos estudantes, que utilizam a #erronosisu para reclamar.

Eles alegam que, neste ano, o sistema não está tirando da segunda opção alunos que já conseguiram uma vaga na primeira escolha. Isso faz com que a nota suba artificialmente — pois os candidatos ficarão só com a primeira vaga.

Funcionamento
Durante o período em que o Sisu está aberto, os estudantes acompanham as notas de corte das suas duas opções. Caso ela suba além da sua pontuação, eles buscam outro curso.

— Como isso afeta a nota de corte, afeta também a estratégia do candidato. Se desde o começo a nota já estava com essa inconscistência, não se sabe atá que ponto a classificação é confiável — afirma Umbertto Mann, youtuber que acompanha temas ligados ao vestibular e foi um dos que percebeu o erro.

O GLOBO teve acesso ao print de uma página do Sisu de 2018. Naquele ano, o sistema apresentava a seguinte mensagem: “Sua posição (na segunda opção) não foi considerada pois você estava temporariamente classificado em sua primeira opção”.

Já no sistema desse ano, mesmo alunos que já estão garantindo a vaga na primeira opção, a página informa a vaga que ele ocupa na segunda.

— No primeiro e segundo dia, as notas de corte estavam “normais”, houve um aumento, mas nada além do que já era esperado. No terceiro, cresceu 40 pontos — conta Cecília Medeiros, de 17 anos, que pretende cursar Ciências e Tecnologia na UFRN. — Agora não sei se estou fora por causa do erro ou porque a nota realmente subiu.

#erronoenem
Já são 17 processos judiciais contra o governo por conta dos problemas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No total, as ações estão distribuídas em dez unidades da federação: Maranhão (2), Distrito Federal (3), Goiás (3), Minas Gerais (3), Pará (1), Rio de Janeiro (1), Mato Grosso (1), São Paulo (1), Paraná (1) e Tocantis (1).

Uma das candidatas já obteve decisão favorável da Justiça no Pará para que sua nota das provas de Linguagens e Ciências Humanas seja revista. Foi concedida uma liminar à aluna. No processo, a candidata argumenta que, de acordo com seus acertos na prova, sua nota deveria ter sido maior.

Segundo a estudante, o cálculo errado atrapalha a tentativa de ela obter uma vaga no curso de Medicina. Ela argumenta que, enquanto o sistema lhe confere média geral de 764,56, sua nota deveria chegar a 817,828.

Na quarta-feira, o GLOBO mostrou que o governo já respondia a quatro ações na Justiça relacionadas ao Enem. Nas novas ações que chegaram nesta quinta, a maioria também trata de pedido de revisão da nota do exame ou de nova correção da prova.

No domingo, o presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, afirmou que acionou a AGU já na sexta-feira, quando os primeiros problemas foram noticiados, para atender a possíveis questionamentos judiciais em relação à edição 2019 do exame.

O Globo.