Globo precisa de Lula desesperadamente

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Para a Globo, tirar Bolsonaro do cargo ou, ao menos, impedir que se reeleja é questão de vida ou morte, como mostra a recente vitória do SBT sobre a emissora carioca. Mas nenhum candidato da Globo vencerá a extrema-direita sem o apoio de Lula e do PT.

Artigo publicado no jornal O Globo do último sábado (11/6) provocou grande repercussão devido ao inusitado do assunto. O editor do jornal, Ascânio Seleme, figurão da Globo, considerado uma das vozes do patrão – ou dos patrões -, propôs “perdoar” o PT

Diz o artigo de Seleme que “Não há como uma nação se reencontrar se 30% da sua população for sistematicamente rejeitada” e que essa seria “a parcela do país que vota e apoia o Partido dos Trabalhadores em qualquer circunstância”.

Segundo o editor de O Globo, o PT é o “agrupamento político (…) mais forte e sustentável da história partidária brasileira” e “tem que ser readmitido no debate nacional”. Acha que “homens e mulheres de esquerda devem ser convidados a participar da discussão sobre o futuro do país” porque “têm muito a oferecer e acrescentar”

O texto é claramente conciliador. Mas o que houve? Por que tanta generosidade E respeito de uma hora para outra no jornal que tanto já bateu na esquerda, em Lula e no PT?

Para entendermos o que houve, há que dividir a questão em duas partes não tão iguais, mas igualmente importantes

A primeira refere-se ao problema da Globo com Bolsonaro, que você poderá conferir nas próprias palavras do próprio

O segundo problema reside na realidade político-eleitoral do país traduzida por uma das últimas pesquisas sobre a sucessão presidencial de 2022.
Nessa pesquisa, feita pelo instituto Paraná em abril último, fica claro que sem Lula e o PT nenhum candidato da centro-direita demo-tucana, preferida da mídia, chega a lugar algum.

No Cenário sem Lula, Moro aparece em segundo lugar, com 18,1% das intenções de voto, atrás apenas de Bolsonaro, que lidera com 27%, e empatado tecnicamente com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que tem 14,1% . No cenário com Lula, o ex-juiz da Lava-Jato aparece em terceiro lugar com 17,5%, atrás do petista (23,1%) e de Bolsonaro (26,3%).

O negócio é o seguinte: sem um candidato competitivo, Bolsonaro continuará enfiando dinheiro na concorrência da Globo até que ela vá perdendo fôlego e encolhendo. Basta, para isso, que ele continue no poder após 2022. Por isso a Globo quer “perdoar” o PT