Apagão de dados na Saúde deixa combate à covid no escuro

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Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

A pouco mais de um mês para o Carnaval, enquanto prefeitos e governadores discutem a viabilidade da festa, o monitoramento de estatísticas de Covid-19 está completamente às cegas no Brasil.

Os sistemas que consolidam os números da pandemia no país deixaram de ser atualizados há três semanas, quando o sistema do Ministério da Saúde sofreu um ataque hacker. Secretarias estaduais e municipais não vêm conseguindo notificar os casos da doença e também os de influenza.

O apagão tem distorcido estatísticas do coronavírus e impossibilitado o monitoramento da evolução da epidemia a nível nacional.

Um dos efeitos adversos da instabilidade na produção de dados é que isso inviabilizou o monitoramento semanal do InfoGripe, iniciativa da Fiocruz integrada à rede nacional de vigilância epidemiológica que monitora casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Os boletins do grupo, no princípio de 2021, indicaram o início da terceira onda da doença no Brasil a partir de março. Suas análises são recorrentemente usadas como base para estratégias de estados e municípios de olho no âmbito nacional porque projeta cenários a partir de modelos matemáticos.

Sem as informações, o último alerta do InfoGripe foi feito apenas em novembro e constatou uma tendência de alta nos casos da síndrome em diversos estados. Uma nova atualização desde então não foi possível.

Especialistas temem que, diante da falta de informações consolidadas, o país esteja diante de um aumento desenfreado de casos que pode causar uma nova onda de hospitalizações. O temor é que os sistemas de saúde possam ser pegos de surpresa diante de um novo pico de demanda.

Para o coordenador do InfoGripe e pesquisador em saúde pública da Fiocruz, Marcelo Gomes, a situação é alarmante e não tem sido acompanhada da devida celeridade por parte do governo federal.

“Estamos completamente num voo às cegas. No fim de novembro já tínhamos alguns indícios apontando para uma mudança de tendência em vários estados. Eram sinais incipientes de que saíamos de uma estabilização para um crescimento (de contágios)”, explica Gomes.

“Passado o pico de março a maio de 2021, o momento mais agudo da Covid foi justamente novembro. Então, sem dúvidas, é o pior momento para esse apagão ter acontecido. Entendemos que há questões técnicas por trás, mas chega o momento em que é preciso providenciar algum nível de informação e esclarecer qual é o problema”, acrescenta o pesquisador.

Prefeitos como Eduardo Paes (PSD), do Rio, estão se baseando no aumento expressivo de casos de Covid-19 para decidir cancelar as festas de rua no Carnaval. Ontem, Paes chegou a falar em um crescimento de infectados em “escala estratosférica”. Isso tem sido possível porque as prefeituras até conseguem acessar estatísticas municipais, mas não é possível extrair recortes estaduais ou nacionais, por exemplo.

Procurado pela equipe da coluna, o Ministério da Saúde informou que a anomalia já foi consertada, mas que algumas informações inseridas por secretarias ainda não aparecem nos sistemas por um problema de “integração de dados” entre as plataformas de estados e municípios e a rede nacional de saúde.

A pasta não informou como o ataque hacker prejudicou a integração entre as redes nem estimou uma data para a solução do problema, mas afirma que não houve perda ou comprometimento de dados. O ministério fará testes na semana que vem para tentar resolver o problema.

Apesar do posicionamento do governo federal, secretários garantem: o problema persiste e tem dificultado a inserção de estatísticas nas plataformas do SUS.

“É muito preocupante”, afirma Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass). “É impossível monitorar síndromes respiratórias agudas no país com a inconsistência de dados do painel do ministério”, completa Lula, que é secretário de Saúde do Maranhão.

Gomes ressalta que o monitoramento de casos de SRAG é importante não apenas a nível local, mas também de forma regionalizada e nacionalizada.

“Se tivéssemos conseguido acompanhar semana após semana durante dezembro e identificado uma piora em relação a novembro, isso poderia ter influenciado a decisão individual de cada um de nós sobre o que fazer no Natal ou no Ano Novo, dado o cenário que teríamos naquele momento. E isso nós não tínhamos”, diz o pesquisador da Fiocruz.

O Globo

 

 

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