Movimentos que deram golpe em Dilma se dividem entre Moro e Bolsonaro

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Foto: Alex Silva/Estadão

A empresária Rosangela Lyra surpreendeu amigos ao revelar, em conversas privadas, que pretende votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo no primeiro turno das eleições deste ano. Fundadora do Política Viva, entidade que criou em 2013 após encerrar um período de 28 anos no posto de diretora da Dior na América Latina, Rosangela se notabilizou por fazer oposição ao PT em movimentos da sociedade civil. “O objetivo é tirar Bolsonaro do segundo turno e evitar mais um mandato desse governo, a maior ameaça à nossa liberdade desde a ditadura”, disse a empresário.

Seu posicionamento atual, porém, destoa do de líderes que, assim como ela, foram às ruas pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), destituída do cargo pelo Congresso em 2016. A maior parte dos grupos que naquele momento se uniram em favor da bandeira antipetista hoje orbita em torno do projeto presidencial do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) ou trabalha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O racha dos líderes pró-impeachment de Dilma ganhou novo capítulo na semana passada, quando o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua embarcaram oficialmente na pré-candidatura de Moro, que foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Os dois grupos deram guarida ao atual governo em nome do discurso anticorrupção e da agenda liberal abraçados pelo atual chefe do Executivo na campanha que pavimentou seu caminho rumo ao Palácio do Planalto. Posteriormente, no entanto, saltaram do barco e chegaram a subscrever pedidos de impeachment de Bolsonaro, após perceberem que as promessas não seriam levadas adiante.

Outros grupos, como o Acorda Brasil, o Revoltados Online e o Nas Ruas, do qual fazem parte as deputadas aliadas ao Planalto Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), mantêm-se, até hoje, na base orgânica do bolsonarismo.

“A legislatura de 2018 promoveu uma renovação histórica, mas de baixíssima qualidade. Para nós, foi muito decepcionante”, disse a porta-voz do Vem Pra Rua, Luciana Alberto. Neste ano, o grupo decidiu investir em lideranças próprias nas eleições.

Segundo Luciana, não houve apoio a Bolsonaro já no segundo turno de 2018. Contudo, ela considera como “desembarque” o momento a partir do qual o Vem Pra Rua passou a fazer oposição ao governo. Procurado pelo Estadão, o coordenador da entidade à época do processo de impeachment, Rogério Chequer, não quis se manifestar. Ele se afastou de suas funções no grupo em 2019, depois de disputar o governo de São Paulo pelo Novo. Hoje sem partido, descarta a possibilidade de concorrer a algum cargo em 2022. “Tenho me dedicado exclusivamente aos meus negócios”, declarou Chequer à reportagem.

Chequer manifestou publicamente apoio a Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, mas, segundo Luciana, o afastamento dele não se deve a divergências internas. “Ele não participou da decisão de ir para a oposição ou protocolar pedido de impeachment.”

Essa mudança de postura, reconheceu Luciana, provocou desgastes internos no movimento. “Toda movimentação de muita responsabilidade, como fazer oposição a um governo ou protocolar um pedido de impeachment, acaba gerando discordâncias. Apesar de entenderem a gravidade dos fatos, alguns acharam que um impeachment seria um desgaste muito grande para o País. Houve rachas, dissidências, o que é natural em um movimento social”, disse a porta-voz.

Na semana passada, integrantes do movimento se reuniram com o presidenciável do Podemos, que assinou um termo de compromisso com algumas pautas. O documento cita o fim da reeleição, reformas econômicas, responsabilidade fiscal, combate à corrupção e ao crime organizado e prestação de contas e transparência dos gastos públicos.

Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos principais líderes do MBL, o grupo se equivocou ao não imprimir esforços para ocupar o espaço aberto pela insatisfação popular com as gestões petistas após a saída de Dilma. “A gente deveria ter construído uma alternativa de poder e pensar na derrubada do governo Dilma como uma substituição. A gente focou muito em derrubá-la e chegamos a 2018 sem uma alternativa liberal. Esse foi o nosso erro.”

Às vésperas do anúncio de sua filiação ao Podemos, Kataguiri fez publicações nas redes sociais nas quais pontuou divergências ideológicas com Moro, que, segundo ele, não é a favor de um “estado mínimo, com participação do governo somente em áreas essenciais”, nem defende reformas liberais tão arrojadas quanto o grupo gostaria. “Ele não é um liberal de formação como nós. Se formos discutir a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil ou da Caixa, o Moro tende a ser contrário e nós, favoráveis”, observou o parlamentar.

Kataguiri condicionou a entrada no partido à adesão a uma carta-compromisso. De acordo com jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), parlamentares que a assinam têm autonomia legislativa e não podem sofrer punições por votarem contra as orientações das legendas às quais pertencem.

O deputado também admitiu que o MBL perdeu apoio ao adotar postura mais crítica a Bolsonaro. “Em 2019, nos Estados, a gente teve algumas dissidências de coordenadores, mas, nacionalmente, isso não ocorreu. Aqueles que fundaram o MBL continuaram. Eu diria que 30% da militância nos abandonou quando passamos para a oposição ao governo”, afirmou Kataguiri.

Hoje à frente da Associação Comercial dos Jardins e do Itaim, bairros nobres da capital paulista, Rosangela Lyra foi militante aguerrida da Operação Lava Jato, responsável pela prisão de Lula. O Ministério Público Federal (MPF) a premiou por sua participação na coleta de assinaturas em apoio às “10 Medidas Contra a Corrupção”, um pacote de leis encampado por procuradores da força-tarefa da operação para alterar o sistema penal do País. “Direta e indiretamente, eu fui responsável por mais da metade das assinaturas”, disse a empresária.

Ela também integrou o Acorda Brasil ao lado do empresário Otávio Fakhoury, apontado pela CPI da Covid como suspeito de compartilhar informações falsas sobre a pandemia. Rosangela afirmou que deixou o grupo por causa dos acenos à extrema-direita.

A empresária também atuou com Carla Zambelli e Bia Kicis na época em que organizou manifestações de rua. As parlamentares comandavam o Nas Ruas, hoje encabeçado pelo empresário bolsonarista Tomé Abduch.

Estadão 

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