Salles mente e culpa o Greenpeace por óleo
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insinuou nesta quinta-feira, 24, que o Greenpeace pode ser um dos responsáveis pelo vazamento de óleo no Nordeste brasileiro. “Tem umas coincidências na vida né”, ironizou o ministro, publicando uma imagem de um navio da ONG em alto-mar. Segundo ele, a embarcação estava navegando “em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano”.
Tem umas coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano… pic.twitter.com/ebCoOPhkXJ
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 24, 2019
A embarcação chegou na região dos Corais da Amazônia no começo de setembro deste ano com o objetivo de “expor as ameaças que as petrolíferas fazem ao local”. Em nota, eles afirmam que queriam impedir a exploração de petróleo na área. A imagem publicada por Salles é de fato de um navio do Greenpeace apelidado Esperanza, mas foi tirada em 2017 durante uma missão no litoral da Espanha — não no litoral brasileiro.
Salles vem trocando farpas com o Greenpeace pelas redes sociais há quase uma semana. O ministro usou um vídeo editado, com um trecho original suprimido, para sugerir que a ONG não tem participado dos mutirões de limpeza. “O ministro mente e espalha falácias sobre a atuação de ONGs, como vimos nas queimadas na Amazônia, como forma de desviar a atenção da sua própria inação e incompetência”, respondeu o grupo.
Olá, ministro. Que bom que você viu um dos nossos conteúdos. Pena que você não colocou a parte em que dissemos que apesar dos riscos, temos voluntários ajudando na limpeza de óleo nas praias desde setembro, época em que o senhor ainda estava na Europa. Vamos colocar aqui: pic.twitter.com/GEszqQvztk
— Greenpeace Brasil (@GreenpeaceBR) October 21, 2019
Pelas redes sociais, a ONG tenta manter um diálogo com o ministro, que a ignora. Segundo o Greenpeace, Salles bloqueou os ativistas no Twitter. O próprio ministro reiterou a ideia de estar fechado para diálogos com o grupo, compartilhando uma entrevista na qual ele afirma que não recebe “terrorista”, referindo-se explicitamente à organização.