Dono de restaurante em que Mantega foi vaiado e FHC aplaudido é ligado a tucanos
Na última segunda-feira (25/5), a Folha de São Paulo noticiou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega fora “hostilizado” em “um restaurante italiano da capital paulista”. Na matéria, o jornal lembrou que, na semana anterior, o ex-ministro da Saúde e atual secretário de Fernando Haddad Alexandre Padilha também fora agredido em um restaurante.
Após a agressão a Mantega, que já não era a primeira e que se somou à agressão a Padilha, este Blog opinou que ou os petistas reagem a esse tipo de agressão ou param de ir a redutos de rico casca-grossa. Porém, investigação recente feita por esta página revela que ao menos a agressão a Mantega pode não ter sido espontânea.
A matéria da Folha que noticiou a agressão recente a Mantega tratou de não dar detalhes sobre o estabelecimento em que ele foi agredido, o que pareceu estranho. Porém, a coluna da jornalista Monica Bergamo da última quinta-feira entregou o nome do estabelecimento ao relatar que “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi ovacionado no mesmo lugar” e que “Clientes aplaudiram de pé o tucano e chegaram a formar fila para ‘selfies’ com ele“.
Segundo a colunista, o estabelecimento em questão se chama “Aguzzo” e fica incrustado no bairro paulistano de Pinheiros, na rua Simão Alvares 325. O Blog ligou para lá (telefone 3083-7363), conversou com a funcionária Patrícia e obteve a informação de que um jantar com vinho e sobremesa escolhido no menu “econômico” sai por volta de 200 reais por pessoa. Porém, se a escolha for do menu “normal”, a conta fica ao redor de 300 reais por pessoa.
Como já se disse nesta página, nada contra alguém frequentar um bom restaurante, se tiver recursos para tanto. A casa oferece iguarias sofisticadas e que despertam os instintos dos endinheirados gourmets paulistanos.
Há pratos como “Panna cotta di vaniglia con salsa di lampone” (creme de leite fresco cozido com favas de baunilha e calda de framboesa) ou “Gamberi in salsa di prosecco e risotto di asparagi” (Camarões ao molho de “prosecco” e risoto de aspargos).
As instalações também ajudam a oferecer uma noite agradabilíssima a essa elite desmemoriada, mal-educada e mesquinha que infesta o país e que se reproduziu em São Paulo como em nenhuma outra parte do país.
Porém, dentre todos os restaurantes que Mantega poderia escolher, foi cair em um reduto tucano. Como se sabe, essa gente se frequenta, se apoia mutuamente e o dono do Aguzzo, um ex-maitre do ultrachique restaurante Fasano, tem ligações políticas muito claras. Ligações que parecem estar por trás do seu sucesso empresarial.
Osmânio Luiz Resende também é sócio de um restaurante de alto luxo em Sorocaba, cidade governada pelo tucano Antonio Carlos Pannunzio. Trata-se do restaurante La Doc.
A foto no alto da página mostra o momento em que Pannunzio e sua mulher entregam a Resende, em seu restaurante sorocabano, um prêmio concedido por quem mesmo? Pela revista “Veja São Paulo”, claro, que faz intensa publicidade dos restaurantes Aguzzo e La Doc.
O entusiasmo do tucano Pannunzio com Resende parece abrir muitas portas ao empresário. Uma revista editada pela unidade do Centro das Indústrias de SP em Sorocaba também homenageou o dono dos restaurantes para ricaços.
Ano retrasado, aliás, treze “primeiras-damas” (mulheres de prefeitos tucanos) se reuniram em Sorocaba para apresentar os projetos desenvolvidos pelos respectivos Fundos Sociais das cidades da região metropolitana da cidade. A recepção foi feita por Maria Inês Moron Pannunzio.
O encontro aconteceu na Biblioteca Municipal de Sorocaba e reuniu representantes de Alumínio, Boituva, Capela do Alto, Iperó, Itu, Jumirim, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto de Pirapora, São Roque, Tietê e Votorantim. Também estiveram presentes a deputada Maria Lúcia e Patrícia Aragão, que representou a presidente do Fundo Social do Estado, Lu Alckmin.
Após o encontro, as “primeiras-damas” foram almoçar no restaurante La Doc, de Osmânio Luiz Rezende, dono do Aguzzo. Ele fez as “honras da casa”. Antonio Carlos Pannnunzio e Edith Maria Garboggini Di Giorgi (prefeito e vice-prefeita de Sorocaba) também compareceram. Cada convidado recebeu um guardanapo com o nome bordado. O menu de cinco tempos (couvert, entrada, primeiro e segundo pratos e sobremesa) também foi especialmente elaborado para a reunião.
O tucano Pannunzio foi vice-lider do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara dos deputados e hoje governa Sorocaba. Está em seu terceiro mandato como prefeito daquela cidade.
Em 2008, quando era deputado federal, Pannunzio foi condenado, entre outras penalidades, à suspensão dos direitos políticos por três anos e multa de R$ 100 mil. Ele foi acusado de ter contratado 811 funcionários para a Prefeitura de Sorocaba durante período eleitoral, quando prefeito, em 1994.
A condenação na segunda instância foi decidida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Consultado na noite de 30 de janeiro de 2008, o tucano afirmou que a condenação não o assustava e que já recorrera. Como todo tucano, Pannunzio tem muitas razões para confiar na Justiça paulista.