Lava Jato não investiga Aécio porque foi criada para ajudar o PSDB

Opinião do blog

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Em janeiro do ano passado, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, foi acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de ser transportador de dinheiro de propinas do doleiro Alberto Yousseff.

Careca disse em depoimento à PF do Paraná que, em 2010, entregou R$ 1 milhão ao então candidato a governador de Minas Gerais Antônio Anastasia (PSDB) para repassar a soma a Aécio Neves.

Em agosto de 2015, o doleiro Alberto Youssef afirmou, durante depoimento à CPI da Petrobras, que Aécio Neves recebeu dinheiro de corrupção envolvendo Furnas, subsidiária da Eletrobras. “Eu confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção), disse o doleiro.

Contudo, como todos sabem, quando denúncias de corrupção batem no PSDB forma-se um conluio tal que tudo acaba sendo engavetado.

Após essa denúncia contundente, a assessoria de imprensa de Aécio afirmou que Youssef apenas disse que ouviu dizer que o senador recebeu propina, não que ele recebeu dinheiro de corrupção.

Em nota, o PSDB disse que as declarações dadas por Youssef à CPI não foram “informações prestadas, mas sim ilações inverídicas feitas por terceiros já falecidos”, a respeito do então líder do PSDB na Câmara dos Deputados, podendo, inclusive, estar atendendo a algum tipo de interesse político de quem o fez à época”.

A lenga-lenga tucana, como sempre, funcionou. E ficou tudo por isso mesmo. É incrível como basta o PSDB negar alguma denúncia para que ela deixe de ser investigada pelas autoridades e pela mídia.

É a presunção da inocência levada às últimas consequências…

O problema é que, quatro meses depois, mais especificamente em dezembro do ano passado, outro entregador de dinheiro do doleiro Yousseff fez a mesma denúncia que Careca, que o dinheiro sujo era para Aécio.

Em delação premiada homologada pelo STF, Carlos Alexandre de Souza Rocha, outro entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, afirmou que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria ao senador Aécio Neves.

Rocha, conhecido como Ceará, diz que conheceu Youssef em 2000 e, a partir de 2008, passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$ 300 mil a vários políticos.

Ele disse que fez em 2013 “umas quatro entregas de dinheiro” a um diretor da UTC chamado Miranda, no Rio.

Também em depoimento, o diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana, confirmou que o diretor comercial da empreiteira no Rio chamava-se Antonio Carlos D’Agosto Miranda e que “guardava e entregava valores em dinheiro a pedido” dele ou de Ricardo Pessoa, dono da UTC.

Em uma das entregas, que teria ocorrido entre setembro e outubro daquele ano, Rocha disse que Miranda “estava bastante ansioso” pelos R$ 300 mil. Rocha afirmou ter estranhado a ansiedade de Miranda e indagou o motivo.
O diretor teria reclamado que “não aguentava mais a pessoa” lhe “cobrando tanto”. Rocha disse que perguntou quem seria, e Miranda teria respondido

“Aécio Neves”, sempre segundo o depoimento do delator.

“E o Aécio Neves não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria respondido, na versão do delator: “Aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, […] todo mundo”.

Aécio, no dizer dos delatores, seria um dos mais chatos e insistentes em pedidos de propina.

Mais uma vez, porém, o PSDB consegue paralisar qualquer investigação emitindo uma simples notinha negando envolvimento de Aécio. “Trata-se de mais uma falsa denúncia com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB, confundir a opinião pública e desviar o foco das investigações”, diz o partido.
Pronto. A investigação para de novo.

Contudo, as denúncias contra Aécio Neves são uma avalanche. Não param, apesar de não serem apuradas.

Eis que, nem dois meses após a última denúncia contra o tucano, em depoimento ao juiz Sérgio Moro o lobista Fernando Moura afirmou que Furnas era uma estatal controlada pelo hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) no governo Lula e que o esquema de propina se assemelhava ao instalado na Petrobras.

“É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, disse o delator.
O depoimento do delator Fernando Moura citando o senador Aécio Neves como responsável pela indicação de diretores em Furnas, portanto, ressuscita um antigo esqueleto tucano enterrado pelos órgãos de investigação da

Operação Lava Jato e de outras investigações ao longo de anos: a Lista de Furnas.

Confira, abaixo, a íntegra do depoimento do delator contra Aécio Neves.

Essa escandalosa ausência de ímpeto investigativo da Lava Jato quando o suspeito não é petista ou aliado do PT extermina qualquer dúvida de que essa investigação é apenas um golpe político destinado a arruinar um governo e um partido através da sabotagem da economia.

O juiz Sergio Moro não passa de um pistoleiro que atua contra o PT e seus aliados a serviço de grupos políticos adversários, que vai tratando de poupar quando as denúncias eventualmente esbarram neles.

Não existe absolutamente nenhuma justificativa para Aécio não ser investigado, assim como tantos outros tucanos envolvidos em denúncias de corrupção. Há petistas presos que foram menos citados que Aécio nas delações.

O Brasil deve ser o primeiro país do mundo a ter uma ditadura de oposição. Os ditadores brasileiros conseguem prender quem a eles se opõe mesmo estando fora do poder. A polícia política e os órgãos de repressão não obedecem ao governo formal, mas a opositores desse governo.

Já passou da hora de a esquerda brasileira entender o que de fato está acontecendo no Brasil. Se estando fora do poder a direita consegue se manter acima da lei e prender adversários sem provas, o que acontecerá quando voltar formalmente ao poder?

Quanto mais hesitarmos em formular essa questão e em buscarmos respostas a ela, mais nos arriscaremos a enfrentar uma era de terror a ser desencadeada no Brasil quando esses déspostas reocuparem o governo formalmente.

Não dá para acreditar que ainda exista gente que não enxergue isso. Quando esses setores da esquerda acordarem desse transe autista estarão pendurados em um pau-de-arara, como ocorreu meio século atrás.