2012 promete pancadaria política
Em situação normal, a disposição da Câmara dos Deputados de abrir a CPI da Privataria deveria arrefecer no ano que entra. O alvo é muito grande. Se levada adiante, colocaria aquele que ao menos em teoria deveria ser o líder da oposição (José Serra) como foco das investigações. Como se não bastasse, essa CPI dificilmente deixaria de resvalar na mídia.
É óbvio que se a Comissão Parlamentar de Inquérito for criada os meios de comunicação e os partidos de oposição a considerarão uma declaração de guerra do PT, particularmente, pois foi o partido que mais deitou assinaturas em seu requerimento.
A resposta da aliança demo-tucana-midiática, por sua vez, deveria ser desfechada contra Lula, normalmente, mas seu estado de saúde não recomendaria – poderia servir para vitimizá-lo até entre quem não tem interesse por política. Sendo assim, para responder à altura de um ataque contra as cabeças do PSDB e até ao próprio partido, Dilma pode virar alvo.
A menos que a base aliada e a oposição promovam um acordo visando não contaminar as eleições municipais. Mas, para tanto, a mídia teria que se abster de reagir às denúncias contra os tucanos não usando alguma “bala de prata” contra a presidente da República.
Por outro lado, mesmo a CPI não saindo e Dilma sendo poupada, fica difícil imaginar que a mídia pare de alvejar ministros. Mas se o governo continuar sendo alvejado em ano eleitoral é bem possível que os governistas não continuem passivos como em 2011.
Governo e partidos aliados podem até não ligar ao verem suas siglas sendo esculhambadas em anos não-eleitorais, mas em ano de eleição partido nenhum aceitará apanhar como apanharam PT, PMDB, PC do B, PR e PDT neste ano. E a própria Dilma certamente tem seus interesses nas eleições municipais.
É tentadora, pois, a conclusão de que a mídia não se absterá de tentar influir nas eleições municipais e, assim, deve continuar atacando ministros, como foi neste ano. E, agora, também candidatos dos partidos da base aliada. Se assim for, essas siglas governistas podem decidir usar a CPI para reagir.
A aposta dos partidos que estão aderindo à CPI da privataria parece ser a de que se torne uma espada sobre a cabeça da coalizão político-midiática. Se for, não vai rolar. A mídia tem uma lógica própria. Tem que mostrar poder, apesar de que os resultados eleitorais que colheu na década passada mostram que seus rugidos foram mais estridentes do que eficientes.
Enfim, se algum dos lados não piscar não será bonito acompanhar a política em 2012. O resultado dessa guerra política, porém, pode vir a ser bom para o país ao obrigar uns e outros a expor os podres do adversário. E dado o teor explosivo da CPI da privataria, caso a mídia tente acobertar seus aliados pode acabar entrando na roda com eles.