Um gorila na diplomacia, um carrasco na Justiça e um charlatão na Saúde
Não há um só dia, um mísero dia após o fatídico 12 de maio de 2016 em que o país não tenha sido surpreendido por alguma ideia grotesca vomitada por um dos vários gangsteres que compõem a equipe do “presidente” de facto Michel Temer. Mas essas “ideias” vem sendo negadas em seguida pelo titular do bando, tal o nível de mediocridade que contêm.
Cinco dias após a derrubada ilegal de Dilma Rousseff os golpistas já chocaram várias vezes o país e o mundo com o próprio quilate de mediocridade. Podemos enumerar as “realizações” do pretenso e alardeado “governo de salvação nacional”.
1 – O ministério (de facto) de Michel Temer tem mais de uma dezena de membros na mira da Operação Lava Jato, a exemplo de quem os escolheu e nomeou para os cargos que ora ocupam, os quais poderão ser usados para atrapalhar investigações e manter esses suspeitos fora do alcance dos investigadores.
2 – Michel Temer não nomeou uma única mulher nem um único negro para o seu ministério (de facto). Todos os ministros do governo (de facto) do Brasil são homens, brancos e autoproclamados heterossexuais.
3 – José Serra (PSDB-SP), ministro (de facto) da Relações Exteriores, parece um gorila em uma loja de cristais – ou em uma missa. Grunhe até ameaças a países latino-americanos que não viram com bons olhos o processo parlamentar que tirou Dilma Rousseff do cargo.
O gorila em tela usa a posição de ministro para fazer campanha eleitoral berrando dogmas ideológicos de extrema-direita contra os governos de esquerda dos países-alvo visando agradar a grupelhos barulhentos da internet. Sua estratégia, em diplomacia, é reservada a casos em que há risco de “soluções” bélicas.
Daqui a pouco, Serra declara guerra a alguma nação “bolivariana”. Metade do Itamarati está em pânico e a outra metade está lavando as mãos.
Até a imprensa tucana de São Paulo já registra, aqui e ali, o Deus nos acuda que está se estabelecendo na diplomacia brasileira e a péssima repercussão internacional desse comportamento valentão de um país que nem chega a ser a potência regional que alguns pensam que é.
4 – Ministro da Justiça (de facto), Alexandre de Moraes (PSDB-SP) fez cair queixos em toda parte ao dizer assim, como se recitasse um poema, que vai acabar essa história de comunista de conceder ao Ministério Público do Brasil a prerrogativa de indicar o procurador-geral da República ao presidente da República, sistema de escolha do PGR que tem permitido à instituição investigar o governo federal como jamais fora possível.
A repercussão dessa barbaridade foi tão grande e tão imediata que Temer teve que sair correndo para desmentir a óbvia conversa que certamente teve com seu ministro da Justiça mostrando-se favorável a uma enormidade que, se materializada, simplesmente sepultaria o combate à corrupção no país, pois o presidente (de facto) certamente colocaria um comparsa para pilotar o único cargo que permite a quem o ocupa processar o presidente da República e ministros de Estado.
Em poucas horas, Temer e Moraes tiveram que recuar dessa ideia de jerico, mas não convenceram a ninguém…
5 – Ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR) tratou de superar Serra e Moraes: mandou avisar à bugrada que Temer quer reduzir os atendimentos no SUS e impedir que as pessoas recorram à Justiça contra os planos de Saúde, um recurso que tem sido a salvação de milhões de famílias que, quando têm atendimento ou procedimentos negados pelos planos, recorrem à Justiça e obtém decisões que as salvam da desgraça.
Sobre diminuir o atendimento no SUS, nem é preciso falar muito. Que tipo de psicopata faz uma proposta dessa?
Mais uma vez, porém, foi preciso desmentir outro plano estarrecedor, devastador para o povo que está sendo gestado por esse governo golpista, ilegítimo, recheado de bandidos. Temer volta a público para desmentir uma conversa que só quem for muito panaca poderá acreditar que não aconteceu entre o presidente (de facto) e o ministro da Saúde (de facto).
Mas se você pensa que isso é tudo, está enganado. O ministro da Saúde de Temer, que anuncia política tão favorável aos planos de saúde quanto produzir leis que impeçam o cidadão de reclamar contra esses planos na Justiça, simplesmente teve sua campanha eleitoral lá no Paraná bancada exatamente por PLANOS DE SAÚDE (!!)
Cinco dias, cinco fatos que mostram o “negócio da China” que o Brasil fez ao trocar um governo popular, com preocupação social, que dialogava, que não bloqueava investigações e era presidido por pessoa honesta, por governo cuja cara é racista e misógina, tem vários integrantes suspeitos de corrupção e que não para de prometer nos ferrar.