Seis dias de fúria midiática – de volta a Erenice
O primeiro dia útil da derradeira semana da campanha eleitoral começou calmo apesar da artilharia midiática contra Dilma Rousseff no fim de semana, com as previsíveis capas da Veja sobre outra escuta sem áudio e da Folha, do Globo e do Estadão sobre um “indiciamento” meramente protocolar do chefe de Gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
Com o aparente fracasso das investidas do fim de semana, no meridiano do dia começaram a ser feitas as apostas no depoimento da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, a melhor arma que a fúria midiática conseguira produzir até então. Na home do UOL, por exemplo, falava-se em “contradição” da ex-subordinada de Dilma Rousseff.
Erenice tomaria conta da internet e dos telejornais no sexto dia anterior ao término da eleição presidencial. Tudo para José Serra poder usar no debate que travaria com a adversária na tevê Record logo mais à noite.
Por outro lado, saíram pesquisas de intenção de voto no fim da semana anterior que obrigaram Serra e a sua mídia a, pelo menos, terem que “explicar” por que não valiam e por que, apesar do estreitamento do tempo e das margens de manobra, o candidato tucano “ainda” não reagira.
A despeito da manufatura de material para uso de Serra durante o debate, ia crescendo na mídia o sentimento de que seria preciso (bem) mais para mudar a tendência que já admitia de ascensão de Dilma e de queda ou estagnação de Serra.
Como ocorreu com o PT após a ida da eleição ao segundo turno no início de outubro, as forças tucano-midiáticas mergulham no abatimento depois do fracasso do factóide da bolinha de papel insinuada pela supremacia da candidata petista nas pesquisas, o que insinuava que o factóide aparentemente havia se virado contra o autor.
A volta ao caso Erenice poderia significar ausência de alternativas, de fatos novos capazes de alterar a vontade que a população ia consolidando a seis dias do fim do embate eleitoral mais duro, sujo e irracional que os brasileiros tiveram o desprazer de assistir nos últimos mais de vinte anos, a vontade de eleger a primeira mulher para presidir a República.