Justiça para José Dirceu
Este não é um texto em defesa de José Dirceu, mas em defesa do Estado Democrático de Direito, da verdade e da justiça. E, para defender esses valores pétreos das sociedades civilizadas, é preciso que se exija que o ex-ministro seja julgado e que o resultado desse julgamento seja respeitado – o que, se ocorrer, terá que gerar determinados desdobramentos.
Essa discussão ganha importância concomitantemente com a efervescente cerimônia de abertura do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores, ontem à noite em Brasília.
Sobre o evento, vale anotar, acima de que o PT, Lula e Dilma, unidos, deram mostras de apoio à regulação da mídia, que manifestaram claro apoio e solidariedade a Dirceu, além do presidente do partido, em uma demonstração clara de que repudiam a versão da revista Veja de que o ex-ministro seria um “conspirador” contra o atual governo e sua titular.
Aproveitando um momento em que, graças aos últimos acontecimentos, o PT e Dilma finalmente parecem ter abandonado as ilusões quanto à possibilidade de a grande mídia se portar com um mínimo de sensatez e, assim, decidido, ao menos retoricamente, adotar postura mais corajosa e assertiva, há que deixar claras as coisas sobre o caso de Dirceu.
Para quem não sabe ou não se lembra, Dirceu, junto com Lula, foi o responsável pela postura “pragmática” que fez o PT chegar ao poder. E como grande parte da estratégia que elegeu o ex-presidente em 2002 se deve ao ex-ministro, ele era, até 2005, o potencial candidato à sucessão de Lula em 2010.
Dirceu sempre disse que não foi cassado pelo que fez, mas pelo que representava. E, ainda hoje, conforme mostra a foto que o portal Globo.com usou para noticiar o Congresso do PT esse homem é alvo de um ódio da direita midiática muito maior do que ela dedica a Lula.
Sobre a foto, também vale comentar que expressa a opinião do veículo que a publicou. Qualquer ser humano, até o mais belo, pode ser fotografado de ângulo em que seja prejudicado e o Globo.com fotografou Dirceu por um ângulo e de uma forma em que ficou parecendo meio que demoníaco.
Vamos em frente. Dirceu teve sua carreira política interrompida sob denúncias que ainda terão seu mérito julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Até lá, emitir condenações ou absolvições contra ou a favor dele não passará de exercício de política partidária.
O que se espera, portanto, é que se faça justiça a Dirceu. Se for condenado, terá que arcar com a pena; se for absolvido, porém, terá direito a tudo o que lhe foi tirado. Nesta hipótese, deveria poder ocupar qualquer cargo público e disputar já a eleição de 2014. O Congresso Nacional deveria, então, absolvê-lo da perda de direitos políticos até 2016.
Não estou defendendo Dirceu, mas que a decisão da Justiça sobre ele seja respeitada seja ela qual for. Porque aqueles que tentam vender a idéia de que ele já foi julgado e condenado certamente tentarão desqualificar uma sua eventual absolvição. Nesse caso, este blog defenderá que seu direito seja respeitado assim como defenderia que fosse punido, se fosse condenado.
Pela coragem e história de José Dirceu, aqui não haveria hesitação em pregar que se candidate a presidente da República mesmo se for só em 2018. Ele tem o carisma e a liderança de que o Brasil precisa. Se as acusações contra si se mostrarem falsas graças a uma eventual absolvição pelo STF, terá o voto deste blogueiro em qualquer eleição que disputar.