Procurador Gerum se trai ao citar Dostoievsky, diz professor da USP

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O professor da USP Ferdinando Martins critica o uso de trecho da obra de Dostoiévsky Crime e Castigo nas considerações do membro do Ministério Público Maurício Gerum durante os momentos iniciais do julgamento do ex-presidente Lula no TRF4. Para o professor, ao se posicionar pela tese de uma personagem da obra que sofre de delírios, o procurador se traiu:

“Citar Dostoievsky para defender o aumento da pena de Lula foi uma escolha infeliz do procurador Maurício Gerum, que já declarou querer aumentar a pena de Lula. Usou m trecho de “Crime e Castigi” para reforçar sua argumentação. A passagem escolhida, porém, trai suas intenções e, em minha interpretação, revela que em algum nível o procurador sabe que está tentando esconder injustiça que será a condenação do ex-presidente.

Trata-se de um momento da trama na qual a personagem central, Raskólnikov, compara-se a Napoleão e tenta convencer a si mesmo que seu crime, ter assassinado duas mulheres para roybar dinheiro, tinha sido um ato heróico. Fica claro que é um auto-engano querer transformar um crime em algo nobre, ainda mais um crime hediondo e vil.

Poucos parágrafos adiante, é revelado que a personagem havia entrado em um estado de “exaltação febril”. Delirava como Dallagnol e sua apresentaçaõ de Poewr Point, aquela sem provas, mas com “convicções”.

Acho que não precisamo muito esforço, também, para perceber que Gerum estava querendo mostrar erudição, o q ue combina com o estilo Temer e suas mesóclises. Mas acaba, também, revelando que essa erudição é falsa.

A proposito, o trecho escolhido por Gerum estpa na parte 3, capítulo 6, do livro. Eu pesquisei duas edições. A utilizada por Gerum é uma edição de bolso de tradução duvidosa.

Abaixo estóa a tradução de Paulo Bezerra, para a editora 34″