Alckmin e Temer planejam aliança eleitoral para disputar Presidência

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Está ficando claro que o afastamento do PSDB do governo Michel Temer não passou de conversa fiada.  Alckmin e Temer fecharão aliança eleitoral na sucessão de 2018. O tucano será o candidato da continuidade do atual governo.

Alckmin negocia com Temer. Acha que atuais candidaturas vão se desmanchar, a campanha vai se afunilar e o PSDB terá condições de passar para o segundo turnol.

Um interlocutor do mercado financeiro que recentemente esteve com o governador contou que ele costuma usar a seguinte metáfora: o céu está cheio de aviões, inclusive o dele, que permanece no ar enquanto outros, por vários motivos, estão sendo obrigados a pousar ou abatidos em pleno ar.

É óbvio que Alckmin se refere a Lula, mas parece não enxergar que o ex-presidente não foi abatido eleitoralmente e que seu legado persistirá mesmo ele não podendo disputar a eleição.

Pelo lado do MDB, as conversas envolvem o presidente do partido, Romero Jucá (RR), com o aval de Temer.

O que move Temer a fazer acordo com o PSDB é que, a permanecer a legislação vigente, no dia 1º de Janeiro de 2019 o presidente perde o foro especial. A blindagem de Temer e dos ministros do primeiro escalão vai acabar e eles vão começar a responder à Justiça.

Alckmin tem em vista o tempo de televisão do MDB, que é o maior de todos. Acertando com Temer, o tucano levaria de roldão o DEM, o PP, o PR – e talvez o PRB – para uma aliança capaz de unificar o centro político.

O MDB é a chave para trazer esses partidos médios que, em outra circunstância, também poderiam aderir, mas a um preço mais alto.

Além disso, são os partidos com os quais o Planalto conta para a “candidatura do governo” anunciada no início da semana pelo ministro Wellington Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

O potencial da candidatura Alckmin, caso consiga unificar o centro, pode chegar a oito partidos.

Já o maior desafio é o desempenho pífio do governador nas pesquisas eleitorais. Empresas de consultoria com prestígio no mercado, caso da LCA, já começaram a fazer simulações para seus clientes sobre a hipótese de uma disputa em segundo turno entre Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro, em trânsito para o PSL.

Nos bastidores, Alckmin tem se mostrado um articulador eficaz, mas ainda muito voltado para São Paulo e o PSDB.

O governador já fechou a chapa João Doria-Gilberto Kassab (para o governo do Estado). O empresário Paulo Skaf é figura fundamental em qualquer acordo a ser feito, podendo mesmo ser candidato ao governo com algum outro aliado da super-coligação.

Para o PSB, partido do vice-governador Marcio França, a prioridade virou a reeleição do governador Paulo Câmara, de Pernambuco, que está levando o partido de volta para os braços do PT.

O tempo de televisão é ainda mais importante porque seus eventuais adversários, à exceção do PT, PDT e PSB – se tiver candidato, o que é cada vez mais improvável – terão de se contentar com aparições-relâmpago na televisão.

O caso de Marina Silva (Rede) é o mais dramático: se ela não recuperar deputados durante a janela partidária de março, nem sequer poderá participar dos debates da televisão, o que exige o partido ter um mínimo de cinco candidatos, a menos que os demais concordem.

A ideia de unificar o centro é praticamente consensual no espectro político do centro para a direita, mas tem esbarrado em desavenças que vão desde distribuição de cargos até a reforma da Previdência.

Na origem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também defendeu a união de centro. A dispersão, mesmo com a saída de Lula, segundo as pesquisas, não apresentou uma solução que pudesse ser chamada de natural. Pior – para o centro – jogou sobre a mesa um segundo turno que pode ser disputado por Ciro e Bolsonaro.