O Plano de Lula para a esquerda vencer a eleição

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Estava tudo planejado: após Lula ser preso, seus apoiadores fariam algumas manifestações (cada vez menores) e, logo, ele seria esquecido. A esperança golpista era a de que Alckmin e Bolsonaro fossem ao segundo turno e, para evitar a eleição de um candidato de extrema-direita, até petistas votassem no tucano.

Não está funcionando nem vai funcionar. Lula vencerá a eleição presidencial de 2018 sendo candidato ou não, porque tem um plano.

Hoje faremos uma matéria diferente. Nada de manchetes de jornais, revistas ou trechos de vídeos. Não vou tratar do que já aconteceu, mas do que acontecerá.

Muita gente está preocupada e angustiada por conta de a candidatura do ex-presidente Lula ter sido mantida mesmo após ele ter sido preso. Sem uma candidatura de esquerda, o Brasil ficaria na eleição presidencial entre os tarados neoliberais dispostos a privatizar até o ar que respiramos e um nazifascista que, entre outras loucuras, quer colocar uma arma de fogo em cada lar brasileiro, desencadeando, entre outras tragédias, brigas domésticas resolvidas à bala.

As apostas dos golpistas são de um segundo turno entre Alckmin e Bolsonaro. Para alguns, seria uma reprodução da eleição nos Estados Unidos que elegeu Donald Trump. Alckmin seria nossa Hillary Clinton de calças e Bolsonaro, o Trump tupiniquim.

Nem o tucano nem o fascista são uma pálida sombra dos dois políticos norte-americanos, mas a situação ideológica de uma disputa assim no Brasil seria relativamente similar ao que aconteceu nos Estados Unidos.

Isso seria possível graças à candidatura de Lula a presidente. Como ele pode não ser colocado em liberdade a tempo de disputar a eleição, seu eleitorado votaria em branco, anularia ou nem compareceria na votação e o resultado seria a eleição de um dos dois candidatos de direita supracitados – Alckmin (o candidato dos bancos, dos grandes empresários e da mídia) e Bolsonaro (o candidato dos idiotas em um país cheio de idiotas).

Essa preocupação é bobagem. A estratégia de Lula é muito boa e muita gente não está entendendo porque ele e o PT não vão verbalizá-la, mas nós, do Blog da Cidadania, podemos explicar e tranquilizar as pessoas.

Tudo reside na Lei 9504/97, a chamada “Lei das Eleições”. Em seu artigo 13, § 3º, essa Lei dispõe sobre a substituição de candidatos. Vamos ao texto legal.

Como se vê, até vinte dias antes do primeiro turno ou do segundo turno o partido ou coligação podem substituir o candidato. Ou seja: a coligação pela qual Lula sairá candidato irá com ele até a undécima hora e, se realmente ele não conseguir disputar a eleição – porque há possibilidade legal de ele disputar mesmo estando preso –, indicará, finalmente, seu substituto.

A vantagem da postergação da apresentação do candidato de esquerda estará no fato de que levando sua candidatura até o fim, Lula aglutinará todo seu capital político que, sem a candidatura do ex-presidente, se dispersaria. Até a hora final, quando em um vídeo o ex-presidente declararia que o arbítrio o tirou da eleição e, assim, todos deveriam votar no fulano de tal, seu indicado.

A carga dramática envolvida nesse clímax político seria avassaladora. Não se descarta a possibilidade de o candidato de Lula – se ele não puder mesmo ser candidato – venha a ter, nesse cenário, votação maior que a dele.

E não se preocupe, caro leitor ou espectador: essa estratégia de Lula não é mistério nem para seus adversários políticos declarados nem para a Justiça e muito menos para a mídia. Eles sabem o que Lula pretende fazer, mas não pode dizer. Desse modo, esperemos calmamente. Essa talvez seja a eleição mais fácil das quatro que o PT tomou da direita entre 2003 e 2014.

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