Indicação ao Oscar do documento sobre o golpe de 2016 é uma vitória
Alguns se perguntam de que adianta insistir nos processos de Lula na ONU, na denunciação internacional da prisão fraudulenta dele e do impeachment de Dilma, se nada disso está adiantando para reverter a prisão do ex-presidente e o golpe contra ela. A possibilidade de o documentário sobre o golpe de 2016 ganhar um Oscar explica a importância dessas denúncias.
A defesa de Lula está preparando nova manifestação ao Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre o ingresso de Moro na gestão de Jair Bolsonaro. Os advogados vão lembrar que, na peça inicial apresentada ao organismo internacional em 2016, sustentaram que Moro poderia projetar uma carreira na seara da política.
A adesão de Moro a Bolsonaro ainda se conecta com nova prova de que o processo do tríplex sofreu interferências políticas para condenar Lula a qualquer preço e tirá-lo da eleição. O comandante do Exército, general Villas Boas, em entrevista à Folha de São Paulo confessou que sua manifestação pelo Twitter em abril, pouco antes da prisão de Lula, visou intimidar o STF, que acabou negando habeas-corpus para o ex-presidente.
Essa nova prova, claro, será enviada à ONU para ser apensada ao processo-denúncia do ex-presidente naquele organismo, que denuncia que o Judiciário brasileiro atua para encarcerá-lo por razões puramente políticas.
Outros perguntam se uma condenação do Estado brasileiro por perseguir Lula irá libertá-lo. A resposta não é simples. É evidente que o Estado brasileiro pode muito bem ignorar – de novo – uma decisão da ONU – em setembro, a ONU determinou duas vezes ao Brasil que cumprisse tratado internacional com a entidade e permitisse a candidatura de Lula à Presidência.
No campo moral e no âmbito internacional, a prisão de Lula, portanto, é vista como perseguição política e isso causa danos irreparáveis à imagem do Brasil. Agora, porém, um outro atentado à democracia brasileira – muito mais grave, diga-se – caminha para ser desmascarado internacionalmente.
O documentário da cineasta Maria Augusta Ramos O Processo versa sobre o impeachment de Dilma Rousseff. O filme está impactando o mundo ao mostrar o processo bizarro e fraudulento que atirou no lixo os 54 milhões de votos que a elegeram.
Desde a estreia, em maio, o documentário vem colecionando prêmios internacionais. Ganhou no Festival de Berlim; ganhou no Festival Visions Du Reel, na Suíça; ganhou em Portugal, no Festival IndieLisboa; ganhou no no Festival Documenta Madri, na Espanha…
Após essa maratona de sucesso, esse documento histórico que mostra como o Brasil foi atirado no fundo do poço, desmoralizado internacionalmente e teve sua democracia gravemente ferida, não surpreende uma notícia que deve animar a todos os que prezam a democracia, a verdade e a Justiça.
A notícia pouco repercutiu na imprensa brasileira, por razões óbvias, mas o fato é que o documentário sobre o golpe de 2016 agora figura entre os 166 longas indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
A enorme importância dessa exposição no maior evento do cinema mundial é dar ciência ao resto do mundo de que o Brasil sofreu um golpe que a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, obtida às custas de financiamento ilegal de campanha por empresas, não apaga.
É vital que essa denúncia seja feita, porque nos próximos anos só a fiscalização internacional poderá evitar um fechamento do regime que se inicia dia 1º de janeiro de 2019, pois o desastre que o governo Bolsonaro irá causar fará a população se revoltar contra ele e, nesse momento, os militares tentarão um golpe para perpetuar o regime.
O mundo precisa saber o que está acontecendo no Brasil e o documentário o Processo é uma eficiente arma de divulgação da situação escabrosa que vive nosso país.
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