Bolsonaro concorreu 4 vezes à presidência da Câmara, perdeu em todas

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Apenas dois anos separam a eleição interna da Câmara em que Jair Bolsonaro obteve menos votos do que a soma de brancos da disputa no Congresso em que o agora presidente da República terá influência decisiva.

Em fevereiro de 2017, Bolsonaro se lançou pela quarta e última vez ao cargo máximo da Câmara contra o favorito Rodrigo Maia (DEM-RJ), que agora é aliado de seu partido, o PSL.

Assim como nas candidaturas anteriores, em 2005 e em 2011, sua participação na eleição interna reforçou seu perfil de político folclórico e isolado: angariou somente 4 dos 513 votos na Casa.

A candidatura, ainda pelo PSC, ficou marcada na ocasião menos por sua competitividade e mais pelo episódio em que foi fotografado no plenário dando uma bronca via WhatsApp no filho Eduardo, que estava viajando e não apareceu para votar naquele dia. “Não vou te visitar na Papuda”, escreveu o novo presidente da República.

Depois, os dois chamaram a situação de desabafo entre pai e filho e reclamaram de invasão de privacidade. Eduardo hoje é o deputado mais votado da história, com 1,8 milhão de votos obtidos em outubro.

Em seu pronunciamento de candidato em 2017, Bolsonaro disse que Maia não dava atenção a pautas importantes, como a manutenção do crime de desacato a autoridade, e que o presidente da Câmara não deve baixar a cabeça, demonstrando obediência.

Durante o discurso, poucos deputados pareciam prestar atenção no candidato, que admitiu ter “remotas chances”.

Mencionou temas que continuam em sua agenda, agora de principal autoridade do país, como a revisão do estatuto do desarmamento.

“Temos uma Câmara que não cria leis, que não fiscaliza e que não representa os anseios do povo. O Legislativo se apresenta subserviente ao Executivo e submisso ao Judiciário.”

Maia acabou eleito com 293 votos em primeiro turno, com Jovair Arantes (PTB-GO), em segundo. Bolsonaro acabou em sexto, atrás de Luiza Erundina (PSOL-SP), que fez dez votos.

O deputado do DEM novamente ostenta favoritismo para se reeleger na próxima sexta-feira (1º).

Se a bancada “bolsonarista” de 2017 tinha apenas quatro integrantes, agora, na Câmara que tomará posse na sexta-feira, o PSL sozinho soma 52 congressistas.

Deputado desde 1991, ele fez apenas dois votos na primeira de suas candidaturas à presidência da Câmara, em 2005, quando integrava o antigo PFL.

Como ele próprio admitiu em discurso antes da votação, sua intenção era apenas ocupar o espaço para fazer campanha contra o candidato do então presidente Lula ao cargo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
“Não pedi o voto de ninguém. Sei qual é a regra do jogo e não vou aqui fazer o papel de otário”, disse, em discurso, no qual chamou o deputado petista de “defensor de sequestradores”.

A estratégia deu certo. Em uma votação surpreendente, foi eleito para o comando da Câmara o pernambucano Severino Cavalcanti, do PP,deputado símbolo do chamado “baixo clero” da Casa, grupo de deputados de pouca expressão no qual Bolsonaro costumava ser incluído.

Após o resultado, o à época pefelista afirmou que o resultado era a vitória de “Davi sobre Golias” e se disse um “soldado” do colega eleito. A passagem do deputado do PP pela direção da Casa durou poucos meses  —renunciou após suspeitas de corrupção em um contrato da Casa.

Meses depois, na eleição interna para substituir Severino, Bolsonaro, após migrar para o PP, novamente se colocou como candidato. Mas desta vez ninguém votou nele: apareceu com zero voto ao final. No discurso, críticas à campanha pelo desarmamento e referências a controle de natalidade e ao mensalão petista.

“A nossa sobrevivência política depende da não eleição de um candidato do governo”, disse. Apesar de seus apelos, o eleito foi Aldo Rebelo, então no PC do B.

Em 2011, no auge do lulismo, Bolsonaro concorreu contra Marco Maia (PT-RS), nome da então presidente Dilma Rousseff à presidência da Câmara. A candidatura só foi lançada horas antes da eleição e obteve nove votos.

O então deputado do PP disse na sessão de votação que tinha sido procurado anos antes para indicar um superintendente do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, em troca de apoiar o governo de Lula.

“Não pode ser tão incondicional assim o apoio ao governo. Temos de ser independentes. Se viermos a ser, o Brasil ganhará com isso”, afirmou, à época.

Da FSP