Papa Francisco descreve muro de Trump como loucura

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O Papa Francisco chegará nesta quarta-feira ao Panamá , onde é esperado por cerca de 200 mil jovens católicos de 155 países para uma nova edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).O evento da Igreja Católica acontece durante um momento sensível para a América Central , no qual vários países integram rotas de fluxos migratórios massivos, que devem ser um dos temas centrais da jornada.

Durante a viagem até o país centro-americano, o Pontífice apontou que a hostilidade contra os imigrantes foi impulsionada por um medo irracional. Um dos jornalistas que estão no avião rumo ao Panamá contou a Francisco que viu recentemente uma barreira pensada para dissuadir os estrangeiros que tentam cruzar pelo mar, no extremo oeste da fronteira dos Estados Unidos com o México, e o descreveu como “loucura”.

— O medo nos deixa loucos — respondeu o Papa.

O presidente americano, Donald Trump, pediu ao Congresso a previsão de US$ 5,7 bilhões para financiar a construção de um muro na fronteira para frear a imigração, para além das barreiras já existentes na divisa. Os democratas rejeitaram a proposta e, desde então, Washington está parcialmente paralisada pelo impasse orçamentário.

Francisco, de 82 anos, deverá chegar ao aeroporto internacional de Tocumen às 16h30 do horário local (19h30 de Brasília). Milhares de peregrinos, cobertos por bandeiras de seus respectivos países, já estão à sua espera na Cidade do Panamá. A multidão aguarda cantando, confraternizando-se e tirando selfies às margens do Oceano Pacífico.

A viagem coincide com a maior onda migratória registrada na América Latina. Hondurenhos, salvadorenhos e venezuelanos atravessam fronteiras diariamente para fugir da violência e da fome causadas por governos ou por gangues regionais.

— Eles se lançam a alcançar sua esperança em outros países, pois estão expostos ao narcotráfico, à escravidão, à delinquência e a tantos outros males — afirmou o arcebispo do Panamá, José Domingo Ulloa, em cerimônia religiosa realizada na véspera da chegada do Papa. —Nossa juventude, especialmente na América Central, precisa de oportunidades.

Em mensagem por ocasião da proximidade do evento, Francisco afirmou que os jovens têm uma “força que pode mudar o mundo”. Na sexta-feira passada, em mensagem de vídeo para a Jornada Mundial da Juventude Indígena, que ocorrerá em Soloy, no Panamá, o Pontífice pediu que mantenham suas culturas e raízes, lutando contra a marginalização, a exclusão, o desperdício e o empobrecimento.

O Papa falará de temas da região, como pobreza, corrupção e imigração, além de comentar a enxurrada de escândalos de abusos sexuais que atingem a Igreja católica. Na quarta, antes de viajar, o papa se reuniu com oito jovens refugiados, informou o Vaticano.

Francisco permanece no país até domingo. Nesse período, visitará um centro de detenção juvenil, onde oficiará uma missa, e programou um encontro com pacientes com HIV em um centro de assistência para jovens.

Ao menos sete presidentes comparecerão no domingo à última missa do Papa na JMJ: Jimmy Morales (Guatemala), Juan Orlando Hernández (Honduras), Salvador Sánchez Cerén (El Salvador), Carlos Alvarado (Costa Rica), Iván Duque (Colômbia) e Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), além do anfitrião Juan Carlos Varela.

A JMJ foi criada por João Paulo II em 1986. A grande festa da juventude católica latino-americana custará US$ 54 milhões, em parte doados por patrocinadores e fiéis. O governo assegura que o evento terá um impacto indireto de US$ 388 milhões  na economia local.

Esta é a primeira vez que Francisco visita o Panamá como papa e a 26ª viagem de seu pontificado. Também será a terceira JMJ de Francisco, que presidiu uma em 2013, logo após ser escolhido papa, no Rio de Janeiro, e outra em Cracóvia, na Polônia, em 2016.

O Pontífice de 82 anos anunciou que visitará os Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedônia e Romênia este ano. Ele programa uma viagem ao Japão para novembro. Queria ir ao Iraque, mas foi desaconselhado por ainda ser muito perigoso.

De O Globo