Para chanceler, Brasil não precisa de relações exteriores

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Em sua primeira reunião no exterior como chanceler brasileiro, Ernesto Araújo se reuniu com líderes latino-americanos do Grupo de Lima. Em entrevista, ele comentou a recepção e as expectativas dos vizinhos em relação ao novo governo brasileiro, o futuro das relações comerciais do país com a China, e os esforços do grupo contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. O grupo, formado por 13 países latino-americanos e caribenhos e Canadá, aprovou uma declaração que insta Maduro a não assumir para seu novo mandato, em 10 de janeiro, e a entregar o poder à Assembleia Nacional até que sejam realizadas novas eleições.

Esta é sua primeira viagem como chanceler. Como foi a recepção de seus colegas latino-americanos tendo em vista as expectativas da região quanto ao novo governo do Brasil?

Estou muito feliz pela recepção dos anfitriões e do resto dos chanceleres. Todos concordaram que nossa contribuição foi relevante para a declaração assinada sobre a Venezuela, e todos têm grandes expectativas de conversar conosco e um grande interesse em aprofundar o diálogo com o Brasil e o presidente Bolsonaro.

Mas também há incerteza e, em alguns casos, temores pelo discurso ultraconservador do presidente Bolsonaro. Como o governo pretende diminuir essas preocupações?

Nas reuniões não houve temor algum, nem implícita nem explicitamente, nem tampouco uma atitude reservada em relação às visões do presidente Bolsonaro. Pelo contrário, vi várias atitudes positivas em respeito à coragem do presidente em diversos temas. Realmente, a reação que recebi foi unanimemente positiva. Não percebi qualquer temor nesse sentido.

O novo governo do Brasil procurará se aliar a países que pensem de maneira parecida. Isso não pode afetar as relações comerciais com a China?

O Brasil tem que se aliar a si mesmo e não com outros países, e trabalharemos as relações com base nos nossos valores e interesses. Se temos interesses econômicos importantes com a China, trabalharemos com a China, e também com países com os quais haja coincidência de valores.

O sr. ficou satisfeito com o resultado da declaração do Grupo de Lima?

Certamente. A declaração do Grupo de Lima é um pedido que fizemos a Nicolás Maduro, para que não assuma no dia de 10 de janeiro, porque seu mandato é ilegítimo, e para que transfira o poder à Assembleia Nacional democraticamente eleita.

Maduro provavelmente irá rechaçar essa declaração…

Espero que Nicolás Maduro tome consciência da oportunidade que tem de ter um mínimo de dignidade, para que interrompa o sofrimento do povo venezuelano que está sendo oprimido por essa ditadura. É um regime que está destruindo a Venezuela.

De O Globo