Bolsonaro: 200 dias com economia ainda travada

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Foto: Sérgio Lima/Poder360

O presidente Jair Bolsonaro chega a 200 dias de governo com uma economia ainda travada e sem sinais de recuperação. Ele conseguiu aprovar a reforma da Previdência em 1º turno na Câmara dos Deputados, avançando o principal projeto de sua equipe econômica, mas sua gestão ainda não emplacou medidas para reaquecer o mercado de trabalho.

A taxa de desemprego segue alta (12,3%), atingindo 13 milhões. O cenário é ainda pior para jovens de 18 a 24 anos. No 1º trimestre, 27,3% não tinham emprego –crescimento em relação aos 25,2% do 4º trimestre de 2018.

A produção industrial teve retração em maio (-0,7%). Considerando todo o ano, os setores de comércio (0,7%) e de serviços (1,4%) registraram crescimentos pífios.

A prévia do PIB, medida pelo Banco Central, também não empolga. O IBC-Br avançou 0,54% em maio em relação a abril. Foi o 1º resultado no azul na comparação mensal desde o início do ano. A atividade econômica fraca fez com que o governo cortasse sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2019 para 0,81%.

Foi a 3ª revisão feita neste ano. Em janeiro, a estimativa era de 2,5%. Em março, de 2,2% e, em maio, de 1,6%.

Poder360 lista a seguir como estavam os principais indicadores econômicos no governo de Michel Temer e como estão agora:

Para tentar fazer a economia girar, Paulo Guedes afirmou nessa 4ª feira (17.jul.2o19) que o governo anunciará nesta semana a liberação de até 35% do saldo das contas ativas do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço). A estimativa é que isso injete R$ 63 bilhões na atividade econômica.

O Palácio do Planalto realiza nesta 5ª feira (18.jul.2019) a celebração dos 200 dias de governo. Apesar de atingir a marca somente na 6ª feira (19.jul), o presidente preferiu adiantar a comemoração. A expectativa é de que o governo aproveite a ocasião para oficializar a liberação dos saques e pregar uma agenda positiva.

VITÓRIAS E DERROTAS CONGRESSO NACIONAL

O governo começou o ano com uma relação tumultuada com Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trocou ataques e afagos com Bolsonaro.

Maia já chegou a afirmar que o presidente da República transfere para o Poder Legislativo a “responsabilidade que é dele”. Também declarou que a gestão bolsonarista “não tem projeto para o país além da reforma da Previdência” e que alguns membros da equipe econômica são bajuladores.

Para piorar a situação, o governo demorou a articular uma base de apoio no Congresso, o que culminou em derrotas nas Casas legislativas.

A 1ª foi a derrubada do decreto 9.690/2019. A medida estabelecia que autoridades podiam delegar o poder de impor sigilo a dados públicos. Nove dias depois o governo decidiu revogar a medida.

O governo também teve dificuldades em fazer avançar a reforma da Previdência e cumprir o cronograma traçado inicialmente para a tramitação da proposta.

Em 15 de abril, o Planalto não conseguiu maioria para acelerar o trabalho da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. Na ocasião, deputados do colegiado aprovaram a inversão de pauta para que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento impositivo fosse votada antes da reforma.

Dois dias depois, a CCJ também adiou os trabalhos e decidiu mudar o projeto da reforma apresentada pelo governo.

Com os atrasos e dificuldades na articulação, o governo chegou a liberar emendas em busca de apoio para aprovação do projeto da Previdência. Até 20 de junho, deputados e senadores receberam R$ 4,4 bilhões.

Cumprindo a expectativa da articulação bolsonarista, a reforma da Previdência foi aprovada na Câmara em 1º turno em 12 de julho. A votação em 2º turno na Casa legislativa foi marcada para 6 de agosto.

O governo também sofreu uma derrota nos decretos que flexibilizavam o porte e a posse de armas. Promessa de campanha de Bolsonaro em 2018, os atos foram revogados em 25 de junho após as consultorias técnicas do Senado e da Câmaraconsiderarem o texto inconstitucional.

Uma das vitórias bolsonaristas veio com a aprovação da medida provisória 870, da reforma administrativa do governo, que manteve a Esplanada com 22 ministérios. No entanto, o governo não conseguiu manter o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no Ministério da Justiça, sendo o órgão devolvido ao Ministério da Economia.

Em busca de 1 clima amistoso com o Congresso, Bolsonaro visitou o Legislativo em 7 ocasiões desde que assumiu a Presidência:

MUDANÇAS NOS MINISTÉRIOS

Nos 200 dias de governo, Bolsonaro já demitiu 4 ministros.

O 1º integrante do 1º escalão a cair foi Gustavo Bebianno, que comandava a Secretaria Geral da Presidência. O então ministro foi dispensado em 18 de fevereiro em meio a 1 suposto esquema de candidaturas-laranja e uma crise com o vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).

O 2º foi o filósofo Ricardo Vélez Rodríguez, do Ministério da Educação. Vélez saiu por falhas na gestão e falta de “expertise”, segundo Bolsonaro. O economista Abraham Weintraub assumiu a pasta.

A 3ª baixa do governo e a 1ª da ala militar veio em 13 de junho com a demissão do general Santos Cruz, então responsável pela Secretaria de Governo da Presidência da República. Em maio, Santos Cruz foi 1 dos principais alvos de ataques da ala ligada ao escritor Olavo de Carvalho. Foi substituído por outro general: Luiz Eduardo Ramos Pereira.

A 4ª –e, até agora, última– mudança na Esplanada foi em 20 de junho com o afastamento do general Floriano Peixoto, que havia substituído Bebianno na Secretaria Geral. O ex-ministro assumiu a presidência dos Correios. Em seu lugar, foi nomeado o major da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) Jorge Antonio de Oliveira Francisco.

Eis a composição atual da Esplanada bolsonarista:

VIAGENS INTERNACIONAIS

Bolsonaro fez 8 viagens oficiais a 6 países desde que assumiu a Presidência. Foram duas à Argentina e aos Estados Unidos e uma ao Chile, ao Japão, a Israel e à Suíça.

A 1ª ida de Bolsonaro ao exterior como presidente da República foi para Davos, na Suíça, onde participou do Fórum Econômico Mundial.

O presidente também foi aos EUA, onde reuniu-se com o presidente norte-americano Donald Trump em 19 de março. No encontro, assinaram acordos comerciais. Bolsonaro também foi ao Texas em maio para receber o prêmio “Pessoa do Ano” da Câmara de Comércio Brasil-EUA.

Em sua 1ª visita à Argentina, em 6 de junho, o militar reuniu-se com o presidente Mauricio Macri e firmou acordos comerciais. Na 2ª visita ao vizinho sul-americano, em 17 de julho, participou da 54ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, na cidade de Santa Fé.

Eis 1 infográfico com as viagens realizadas pelo presidente:

BOLSONARO E A IMPRENSA

Jair Bolsonaro ofereceu 6 cafés da manhã para a mídia em menos de 4 meses (de 28 de fevereiro a 14 de junho) no Palácio do Planalto. Recebeu 100 repórteres, colunistas, editores e apresentadores. É 1 recorde em relação a todos os presidentes anteriores.

O 1º encontro com profissionais da mídia foi em 28 de fevereiro. Depois, foram realizados em 13 de março, 5 de abril, 25 de abril, 23 de maio e outro em 14 de junho.

No total, 42 veículos de comunicação foram representados. Ex-Globo, o jornalista Alexandre Garcia também já foi convidado, mesmo sem estar ligado, por ora, a nenhum veículo. Representantes da Record e da Rede TV compareceram a todos os encontros.

O número de convites a profissionais de veículos de comunicação cresceu ao longo dos encontros. No 1º, foram convidados apenas 11 profissionais, enquanto no último, destinado aos profissionais que acompanham o dia a dia do presidente –chamados de setoristas no jargão jornalístico–, o total de participantes chegou a 29.

  • 28.fev: 11 jornalistas;
  • 13.mar: 12 jornalistas;
  • 5.abr: 15 jornalistas;
  • 25.abr: 16 jornalistas;
  • 23.mai: 17 jornalistas;
  • 14.jun: 29 jornalistas.

Nos encontros, os jornalistas não podem gravar o áudio nem fazer imagens, mas fazem anotações sobre o que é dito. O Planalto grava tudo, em áudio e vídeo. As imagens são divulgadas depois.

No último café da manhã, realizado em 14 de junho, Bolsonaro ganhou uma Bíblia da jornalista Delis Ortiz, da TV Globo. Ao final, o presidente posou para mostrar o presente na foto com os profissionais presentes.

Delis Ortiz fez 1 agradecimento em nome dos repórteres que acompanham diariamente notícias do Palácio do Planalto.

Poder360 não participou da iniciativa de entrega da Bíblia. Nenhum dos outros jornalistas que trabalham acompanhando diariamente as notícias do Planalto participou. O agradecimento foi feito sem o conhecimento de muitos jornalistas do comitê. O Poder360 também não foi consultado. Ao jornalista Mauricio Stycer, do portal UOL, a TV Globo afirmou que “foi exclusivamente dela [Delis Ortiz] a iniciativa de presentear o presidente. A Globo não foi avisada por Delis Ortiz sobre a atitude pessoal que ela decidiu tomar”.

Além dos cafés com jornalistas, em 8 de maio, o presidente recebeu no Planalto e concedeu entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, no programa “Luciana by Night”, da RedeTV!. Ela também participou de café com jornalistas em 5 de abril.

Em 4 de julho o presidente recebeu 12 integrantes do grupo “YouTubers de Direita” –assim também foram chamados em agenda oficial. O encontro foi realizado por intermédio da senadora Soraya Thronicke (PSL-MS).

LIVES NO FACEBOOK

Crítico da imprensa, Bolsonaro usa as redes sociais como maior canal de comunicação para anunciar as medidas do seu governo, principalmente por meio de transmissões ao vivo no Facebook.

Desde que assumiu a Presidência, foram feitos 22 pronunciamentos em lives na rede social. O 1º foi em 7 de março, quando anunciou que falaria ao vivo todas as quintas-feiras à noite. A mais recente foi em 12 de julho.

Participaram das transmissões 44 pessoas, entre ministros (15), autoridades (10), congressistas (9), especialistas (3), indígenas (5), além do empresário Luciano Hang e do fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago.

O general Augusto Heleno (GSI) foi o que mais esteve presente: em 6 lives. Em seguida, com 5 participações, aparece o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Já em 4, participaram: o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif.

Bolsonaro é o presidente em início de mandato que mais buscou mecanismos de falar diretamente à população brasileira desde a redemocratização do país, em 1985.

Levando em conta os pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão nos 6 primeiros meses do mandato, Bolsonaro se iguala ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ambos falaram 3 vezes à nação (só que na época de FHC não havia lives para estabelecer contato direto e interagir com os cidadãos).

Do Poder360