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Índios waiãpi detalham morte de liderança em vídeo

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Representantes da aldeia Waiãpi questionam o empenho das autoridades brasileiras na investigação da morte de Emyra Waiãpi, um dos líderes da comunidade indígena. Eles afirmam que os agentes federais deslocados até a aldeia não demonstraram interesse nos relatos apresentados por eles sobre os invasores que seriam responsáveis pelo crime.

“Nós estávamos lá e a polícia chegou. Então mostramos os sinais da invasão para eles: o chão onde eles deixaram marcas de sapato e o cerrado em que eles abriram caminhos para poder entrar e sair. Os invasores abriram três caminhos, e explicamos para a polícia para que eles servem. Os policiais não se interessaram muito em seguir a gente nesses caminhos. Explicamos tudo, mas eles não pareciam interessados em ajudar a gente. E isso nos preocupou muito, pois tínhamos achado que eles tinham vindo para ajudar a localizar [os invasores]. Mostramos essa preocupação para eles. Eles não deram importância”, disse Asurui Waiãpi, um dos integrantes da aldeia.

Na última terça-feira (30), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) esteve na aldeia Waiãpi e registrou em vídeo depoimentos de indígenas sobre o assassinato de Emyra Waiãpi. O conteúdo será encaminhado nesta quinta-feira (1) ao Ministério Público Federal do Amapá, que investiga as circunstâncias da morte e a possível invasão da demarcação indígena por garimpeiros.

“Mataram e jogaram no rio. Eles assassinaram covardemente nossa liderança Waiãpi na aldeia Mariry”, disse Jawarawa Waiãpi, que também é vereador da Rede no município de Pedra Branca do Amapari.

Ele detalhou a morte de Emyra Waiãpi: “No corpo dele estavam aparecendo muitas perfurações de faca. Perfuraram a cabeça e a barriga dele. E também furaram os olhos e amarraram o pescoço antes de jogar no rio. Por isso que a família pensava que ele caiu e se afogou. Mas quem descobriu as perfurações foi o filho dele, que é professor.”

O senador Randolfe Rodrigues afirma que os Waiãpi estão assustados diante da constante, e cada vez mais violenta, ação de invasores: “E por outro lado, parece nítido haver uma pressão das autoridades no sentido de encerrar o quanto antes as investigações”.

De acordo com o senador, os representantes dos Waiãpi se prontificaram a exumar o corpo do líder indígena para que fiquem comprovadas as causas da morte. “Mesmo sendo contra a tradição deles, já disseram que o corpo está disponível para exumação. Mas até o momento ninguém se mobilizou para realizar este procedimento”, acrescentou o senador.

Na segunda-feira (29), o procurador do Ministério Público Federal do Amapá (MPF-AP) Rodolfo Lopes declarou, em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, que as investigações preliminares na terra indígena Waiãpi ainda não identificaram vestígios da presença de não-indígenas na área onde foi morto Emyra Waiãpi.

De acordo com Lopes, cerca de 25 policiais participaram das diligências. Duas embarcações estiveram à disposição dos policiais durante as buscas. O procurador não confirmou a área total e o número de aldeias onde foram realizadas as incursões, mas frisou que a equipe da PF foi conduzida por lideranças locais. O procurador ressaltou que não foram identificados “vestígios como pegadas, restos de fogueiras e outros elementos” que pudessem caracterizar presença não-indígena.

Assista ao vídeo produido pela Revista Época:

http://globotv.globo.com/editora-globo/revista-epoca/v/indigenas-criticam-empenho-de-autoridades-em-investigacao-da-morte-de-lider-indigena/7807909/

De Época