Lucas Seixas/UOL

Agenda de Salles parece de ruralista ou garimpeiro

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Por que o ministro esconde sua agenda da população? Porque, para um ministro do Meio Ambiente, ela mais parece o calendário de compromissos de um ruralista ou de um garimpeiro da Serra Pelada.

Alemanha, segunda-feira: ele vai se encontrar com a farmacêutica Bayer, condenada em maio desse ano a indenizar em 2 bilhões de dólares um casal dos EUA por causa do glifosato, uma das maiores bombas químicas legalizadas do mundo, proibida em muitos países, mas largamente utilizada no Brasil (leiam nossa reportagem sobre a cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu).

Talvez Mr. Yalle estará lá para cobrar que a Bayer respeite nosso meio ambiente e pare de pressionar o país para aprovação de venenos. Vindo do governo que já aprovou mais de 260 (!) produtos só esse ano, nem por milagre. O encontro tem cara de beija-mão.

Outros encontros na segunda-feira: mais uma empresa de agrotóxicos (a Basf), além da montadora Volkswagen. Será que Mr. Yale vai conversar sobre a fraude global que a Volks produziu ao mentir que seus carros eram verdes enquanto emitiam gases altamente tóxicos?

Salles viaja para a Inglaterra na quinta. Lá, sua agenda secreta marca compromissos com – essas aspas são da agenda que conseguimos – “investidores ingleses (mineração, farmacêutica, energia, petróleo e gás e setor financeiro)”. Quem são eles? Quais os objetivos desses encontros? Nada na agenda, ninguém sabe. O ministério de Salles opera como um aparato clandestino de lobby privado.

Seus encontros estão fora da agenda pública. Nós pagamos seu salário mas não podemos saber com quem conversa. O que ele anda aprontando em segredo? Vamos descobrir.

De The Intercept