Argentina vai reforçar segurança de Evo

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O governo argentino pediu que segurança do ex-presidente boliviano Evo Morales fosse reforçada depois que o Ministério Público de La Paz expediu um mandado de prisão contra ele, na quarta-feira. A decisão teria vindo diretamente do próprio presidente Alberto Fernández, que afirmou, segundo fontes do site Infobae, que seu governo “não entregará por qualquer motivo” o ex-presidente da Bolívia, que está refugiado na Argentina, há uma semana. Morales foi intimado a responder e prestar depoimento pessoalmente sobre o caso na capital boliviana.

Um funcionário sênior da Casa Rosada revelou ao site argentino que o presidente entrou em contato com Morales nas últimas horas para lhe dar todo o apoio e garantir que o Estado proteja sua integridade física e o impeça de entregá-lo às autoridades judiciais da Bolívia.

— Vamos proteger Evo Morales porque nos corresponde fazê-lo em sua qualidade de refugiado político e porque todo o pedido de detenção é uma farsa — disse outro funcionário do governo.

As implicações do mandado de prisão emitido contra Morales foram analisadas na noite de quarta-feira pelo presidente argentino e pelo ministro das Relações Exteriores Felipe Solá. O chefe de Estado também garantiu a Morales que não aceitaria que ele fosse preso na Argentina.

O ex-presidente boliviano conta, atualmente, com apenas dois agentes da Polícia Federal que fazem sua escolta e nem sempre se desloca com eles. No último domingo, ao participar de uma partida de futebol com o ministro dos Esporte, Matías Lammens, Morales chegou e deixou o local sozinho em um carro particular.

A chancelaria argentina também estaria analisando o pedido de prisão para, eventualmente, dar uma resposta legal contrária. De qualquer forma, fontes do Ministério das Relações Exteriores afirmaram ao Infobae que “a Argentina não é obrigada a dar uma resposta legal a uma solicitação que considera inadequada, já que se trata de um refugiado político”.

Na quarta-feira, o ministro de Governo da Bolívia, Arturo Murillo, anunciou que o Ministério Público emitiu um mandado de prisão contra o ex-presidente por supostos crimes de sedição, terrorismo e financiamento ao terrorismo. Em novembro, o ministro pediu ao Ministério Público que iniciasse uma investigação, com base em um áudio supostamente gravado por Morales durante os protestos que tomaram conta do país após sua renúncia.

Na gravação, um homem, que segundo Murillo seria Morales, instrui o líder cocaleiro Faustino Yucra Yarwi a fechar os acessos às cidades e interromper o abastecimento de alimentos. “Que não entre comida nas cidades, vamos bloquear, cerco de verdade”, diz um trecho da gravação. Para o ministro, o áudio configura um “crime de lesa-humanidade”.

Em resposta, o ex-presidente disse não temer o mandado contra ele:

“Após 14 anos da nossa revolução, o ‘melhor presente’ que recebo do governo de fato é uma ordem de apreensão, injusta, ilegal e inconstitucional. Não me assusta, enquanto eu estiver vivo continuarei com mais força na luta política e ideológica por uma Bolivia livre e soberana”.

O Globo